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Sinopse

O agente Aaron Cross passou pelo mesmo tipo de recrutamento de Jason Bourne no misterioso programa conhecido como Treadstone. Com todo o problema gerado pelo colega, o coronel Eric Byer decide encerrar o programa, e com isso, eliminar todos os agentes restantes. Para permanecer vivo, Cross terá que contar apenas com a ajuda da doutora Marta Shearing, a única pessoa que poderá lhe fornecer o medicamento necessário para que ele termine seu tratamento de aperfeiçoamento.

Crítica

Quando foi anunciado que a série Bourne seria reinventada, muitas dúvidas sobre a qualidade do projeto vieram à tona. Afinal, a trilogia original estrelada por Matt Damon e que chegou ao seu ápice com a segunda e terceira partes dirigidas por Paul Greengrass havia renovado um gênero que há muito Hollywood tinha deixado “descerebrado”, assim digamos: os filmes de ação e espionagem. A Identidade Bourne (2002), A Supremacia Bourne (2004) e O Ultimato Bourne (2007) mostraram que este tipo de cinema poderia divertir com inúmeras cenas de ação sem desrespeitar a inteligência do espectador. Então quando soubemos que Damon havia sido trocado por Jeremy Renner e a direção dada para o então apenas roteirista dos três longas anteriores, Tony Gilroy, o questionamento era: vai dar certo? A resposta é sim. Mesmo que com alguns pontos ainda por acertar.

Apesar da troca de personagens, seguimos vivendo no universo Bourne: Aaron Cross (Renner) é um dos superagentes criados pela corporação Treadstone que mantém suas altas qualidades físicas e psíquicas com a ajuda de pílulas. O problema é que elas estão no fim e um grupo de militares liderado pelo coronel interpretado por Edward Norton está tentando acabar com tudo, o que inclui matar seus agentes. Nesta corrida de gato e rato, Cross tem a ajuda da doutora Marta Shearing (Rachel Weisz), que não sabe todos os detalhes da operação. E nesta trama de espionagem e conspiração global, viajamos desde a Rússia até os EUA, chegando ao seu clímax nas Filipinas.

Tony Gilroy não é nenhum aprendiz. Apesar de ter apenas três filmes no currículo de diretor, foi indicado ao Oscar por Conduta de Risco (2007), além de ter sido o responsável pelo duvidoso Duplicidade (2009). E, talvez pela experiência de anos lidando somente com roteiros, e após estes dois filmes em que o diálogo esta à frente dos tiros e explosões, Gilroy demore para engrenar a trama com um excesso de informações (que inclui diversas referências à trilogia original, diga-se de passagem), mas que acaba mais por confundir do que entreter o público. Seria um misto da chuva de falas do ótimo O Espião que Sabia Demais (2011), com as clássicas sequências de “ação lenta” dos 007 dos anos 1960 e 1970. Apenas da metade em diante das mais de duas horas de duração que vemos realmente o legado do filme e uma trama bem amarrada com cenas de tirar o fôlego.

Se talento para o drama Jeremy Renner já mostrou que tem de sobra em filmes como Guerra ao Terror (2008) e Atração Perigosa (2009), aqui ele consegue aliar isso a um personagem rico em ambiguidade e força física conquistando o espectador. O restante do elenco não fica de fora, desde Weisz a Norton, e ainda com as breves aparições de outros personagens bem conhecidos dos fãs, interpretados por Joan Allen, David Strathairn e Albert Finney. Sem contar a participação (não em carne e osso) do próprio Matt Damon.

De qualquer maneira, não espere ver a intensa, e ao mesmo tempo discreta, direção com que Paul Greengrass marcou os filmes anteriores. Tenha um pouco de paciência no início do filme que a ação logo surgirá. No final, o que queremos é estar de volta a este universo, já que mais perguntas do que respostas ficam no ar. E a vontade aumenta ainda consideravelmente se você ouvir Extreme Ways de Moby tocar...

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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