Crítica
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Sinopse
Três gerações de mulheres se juntam na semana que precede o Dia das Mães, mas nem tudo é comemoração neste ano. Lágrimas e risadas estarão presentes em iguais proporções durante o encontro
Crítica
Garry Marshall é um dos últimos representantes da velha guarda de Hollywood que seguem ainda na ativa. Nunca chegou a ser considerado um mestre, ou mesmo um nome de referência enquanto autor, mas construiu uma carreira de respeito, com um ou outro sucesso de maior atenção – Uma Linda Mulher (1989), o filme de lançou Julia Roberts ao estrelato, é o maior deles. Acontece que, enquanto alguns se aposentam e outros alcançam diferentes níveis de excelência, tudo que Marshall tem feito com o passar dos anos é se repetir através de uma mesma fórmula – porém com resultados inferiores, um atrás do outro. O mais recente exemplo nessa linha é O Maior Amor do Mundo, longa que segue os mesmos maneirismos dos anteriores Idas e Vindas do Amor (2010) e Noite de Ano Novo (2013).
Quem conhece estes dois títulos recém-citados sabe bem o que esperar de O Maior Amor do Mundo – por favor, não confunda com o filme homônimo que Cacá Diegues lançou em 2004, um dos últimos grandes trabalhos de José Wilker como protagonista, pois toda veia criativamente investigadora desse representante nacional, ainda que disposta em tela de forma irregular, inexiste por completo no trabalho de Marshall. Mais uma vez tendo como ponto de partida uma data comemorativa, o veterano cineasta deixa de lado as experiências do Dia dos Namorados ou do Réveillon para investir, dessa vez, no Dia das Mães. A motivação, como se percebe, não é mais tão universal, focando-se em um conceito família. Tal proposta, ao invés de ampliar as possibilidades, acaba agindo de forma contrária: temos um filme a princípio para todos, mas que acaba funcionando – e olhe lá – somente com ‘às’ espectadoras mais fortemente identificadas com os sentimentos exageradamente ambicionados pela trama.
E qual é a história? Mais uma vez, não temos uma, mas, sim, várias – afinal, é o que dita a cartilha. E todas, é claro, encabeçadas por um elenco estrelado de rostos facilmente reconhecíveis. Jennifer Aniston é a divorciada que até gostaria de voltar com o ex-marido, mas ao descobrir que ele recém-casou com uma garota vinte anos mais nova que ela, deixa todas as suas inseguranças virem à tona, principalmente no que diz respeito aos dois filhos – será que, aos poucos, eles irão gostar tanto – ou mais – da nova mãe quanto dela? A sumida Kate Hudson, por outro lado, é mãe de um menino, mas sofre com o distanciamento entre ela e os próprios pais, um casal de interioranos preconceituosos e conservadores que não aceitam o fato dela ter se casado com um indiano (“a pele dele é muito escura”), e que nem sonham que a outra filha é gay e mora com sua companheira, além de também serem mães de um menino.
Como se percebe, as novas formações familiares são a pauta do dia em O Maior Amor do Mundo. Por isso que até um homem acaba tendo seus momentos... maternos. Quem preenche esse espaço é Jason Sudeikis, como o viúvo que se esforça para suprir a ausência da mãe de suas duas filhas, no primeiro ano após sua morte – no papel dela, participação especial de Jennifer Garner. E como não poderia deixar de ser, a própria Julia Roberts volta para prestar contas com o seu diretor de estimação (esse é o quarto filme dos dois juntos). Ela aparece como uma celebridade da televisão, autora de um livro e famosa por aqueles programas de televenda, que acredita estar sozinha na vida. Mas há muitos anos teve uma filha, da qual não sabe o paradeiro, ainda que essa (Britt Robertson), pelo contrário, esteja determinada a encontrá-la para que possam, enfim, estarem mais uma vez juntas, mesmo após algumas décadas.
Assim como Bradley Cooper e Eric Dane formaram um casal gay mal explorado em Idas e Vindas do Amor, a dupla lésbica de O Maior Amor do Mundo é somente mais um elemento em cena apenas como reflexo de um esforço para ser contemporâneo, porém defendido por um discurso que soa ultrapassado do início ao fim. Julia possui um dos sorrisos mais lindos do mundo, mas sem ter muito no que se basear, termina por soar desconfortável e fora de contexto a maior parte do tempo – e nem vamos falar da peruca absurda que é obrigada a usar como parte de seu personagem! Jennifer Aniston e Kate Hudson conseguem estar um pouco mais desenvoltas – com leve vantagem para a primeira – mas ainda assim lhes faltam subsídios para que o público consiga levar a sério os pseudodramas que enfrentam. No final, quem se sai melhor é Margo Martindale, como a mãe desbocada, racista e homofóbica. Afinal, parece ser a única personagem verdadeira. Essa autenticidade, afinal, é o sentimento que Garry Marshall parece desesperadamente procurar, sem, no entanto, conseguir nem ao menos esboçá-lo na maior parte do tempo.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 3 |
Thomas Boeira | 3 |
Bianca Zasso | 2 |
Gabriel Pazini | 3 |
MÉDIA | 2.8 |
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