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Sinopse

Ainda adolescentes, Amanda e Dawson se apaixonam, mas o pai da garota não aprova o relacionamento e, com o passar do tempo, os jovens acabam se afastando e tomando rumos diferentes. Duas décadas mais tarde, um funeral faz com que os dois voltem à cidade natal e se reencontrem. É o momento de ver se os sentimentos persistem e avaliar as decisões que tomaram na vida.

Crítica

É de se perguntar por que teria levado tanto tempo para um ator como James Marsden estrelar uma adaptação de um romance de Nicholas Sparks. Afinal, o astro da saga X-Men e do musical Hairspray (2007) é um dos mais eficientes quando o que se precisa dele é apenas um sorriso estrelado e um visual atraente, sem exigir muito mais do que isso. Exatamente, portanto, como todos os protagonistas destas histórias água-com-açúcar tão simpáticas ao escritor norte-americano. Pois assim como Channing Tatum, Ryan Gosling, Josh Duhamel e Zac Efron – para citarmos apenas alguns – fizeram antes, ele aparece também como um homem sofrido, porém eternamente apaixonado, em busca de redenção em O Melhor de Mim, um filme plasticamente lindo, porém tão vazio quanto um pastel de vento.

A mocinha da vez – calçando os mesmos sapatos que já serviram a nomes como Diane Lane, Robin Wright, Amanda Seyfried e Rachel McAdams – é Michelle Monaghan, vista há pouco – e muito melhor – no aclamado seriado True Detective (2014). Os dois formaram o casal perfeito na adolescência – ele o rapaz rebelde com conflitos na família e sem futuro, ela a menina de ouro queridinha dos pais e brilhante na escola. Porém, quando os conhecemos, vinte anos depois, estão separados, longe da cidade onde cresceram e envolvidos em vidas completamente diferentes: ele trabalhando em uma estação petrolífera no meio do oceano, ela cuidando do filho e do marido em um casa digna de comerciais publicitários. Um chamado, no entanto, servirá para colocá-los novamente em contato: Tuck (Gerald McRaney, veterano que há pouco teve um papel de destaque na televisão em House of Cards, 2013), um velho senhor de presença fundamental na vida dos dois, faleceu recentemente, e por isso estão sendo convocados para a leitura de seu testamento.

Ainda que Marsden e Monaghan possuam uma boa química juntos e sirvam como atrativos de público, eles não são, em última instância, os verdadeiros protagonistas de O Melhor de Mim. Isso porque na maior parte do filme acompanhamos como os dois se conheceram e como foram os primeiros momentos da relação deles, anos atrás. Nestas sequências, eles são vividos por Luke Bracey e Liana Liberato (A Face do Mal, 2013), dois jovens em ascensão na Hollywood, porém complemente inadequados nestes papéis. Além deles não serem nada semelhantes fisicamente com os atores mais velhos – enquanto as mulheres possuem até a cor dos cabelos diferentes, entre os homens o disparate é ainda maior, pois o mais novo é maior do que o outro! – eles carecem de um maior entrosamento entre eles. É difícil acreditar em todo aquele amor que dizem sentir entre si, ainda mais sem conjunções nem argumentos propícios para tal.

Os motivos que unem o casal – assim como os que o separa – são tão rasos quanto evidentes. Ele tem um pai problemático, primos violentos, e quer fugir de tudo isso. Tuck surge como aquele que irá praticamente adotá-lo, oferecendo um abrigo e um exemplo tão necessário. Para ela, no entanto, nada falta, e sua postura parece mais a de uma garota mimada e entediada do que a de uma mulher em busca de um amor verdadeiro. A tragédia que se impõe no caminho dos dois, gratuita e tratada quase que com descaso, tem apenas a função de afastá-los. Portanto, quando se reencontram, é questão de minutos para que fiquem juntos novamente. Os demais personagens são por demais estereotipados, e a direção de Michael Hoffman – veterano do gênero, responsável por títulos como Um Dia Especial (1996) e Um Golpe Perfeito (2012) – é meramente protocolar. Em resumo, tem-se mais um legítimo exemplo do que Nicholas Sparks é capaz de fazer – para o melhor e pior que isso possa significar. Recomendado, portanto, apenas para os fãs mais ardorosos do autor, e talvez nem esses aguentem tanta glicose!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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