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Crítica


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Sinopse

Um jovem vive numa floresta habitada também por animais e espíritos livres. Um dia, precisará transpor os limites desse espaço que o pai define como o mundo inteiro, a fim de salvar um ente querido.

Crítica

 

Relações entre pais e filhos não são novidade no mundo das animações. Muito pelo contrário. Parece ser um tema muito específico e retratado de diversas maneiras, às vezes extremamente dramáticas (como em O Rei Leão, 1995) ou com muito bom humor (Procurando Nemo, 2003). Neste ínterim, encontra-se O Menino da Floresta, co-produção entre França, Bélgica, Canadá e Luxemburgo. Um filme de sensibilidade tão apurada e longe do melodrama que é mais recomendada aos adultos do que para os pequenos, tamanho o grau de maturidade de sua história.

É numa floresta que vivem Courge (voz de Jean Reno) e seu filho de dez anos, um rapaz que desde pequeno vive à margem da sociedade e tem hábitos como caçar animais, comer com as mãos e não tomar banho. Os dois vivem em busca de sua mãe, que vive “no outro mundo”, até o dia em que o pai sofre um acidente e o garoto o leva para fora de seu habitat natural em busca de um médico. É na cidade que ele conhece Manon, a filha do doutor, com quem inicia uma bela relação de amor e amizade.

Jean-Christophe Dessaint, diretor de animação de O Gato do Rabino (2011), utiliza a mesma técnica gráfica do filme anterior. Traços simples, porém ricos em detalhes, que em meio à era tecnológica podem até parecer ultrapassados. Porém, é justamente por conta desta simplicidade que a obra torna-se tão viva e emocional, mostrando a jornada de um garoto em busca do amor do pai e dos braços perdidos da mãe. Baseado no romance homônimo de 2004 de Jean-François Beauchemin, O Menino da Floresta flerta com a espiritualidade ao mostrar que os mortos não desaparecem do mundo, mas sim vivem na floresta como seres antropomórficos. A mãe e esposa de Courge, por exemplo, é retratada como uma mulher de vestidos simplórios, porém com cabeça de alce. Por sinal, parece uma referência à Bambi (1942), animação que causou o trauma de muitos na infância pela trágica cena da morte da mãe do protagonista.

No fim, o título original da obra, O Dia dos Corvos, pode até soar estranho, mas é totalmente justificado e dramaticamente relevante para uma história tão singela e delicada, que nas mãos de alguém menos sensível poderia ter um resultado desastroso. Algo que, graças aos espíritos animalescos, não acontece aqui. Resta aguardar que os próximos trabalhos de Jean-Christophe Dessaint sejam tão bonitos de se ver como este.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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