Crítica
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Sinopse
Passando por Remanso em direção a Ouro Fino na condução de uma boiada, o peão Diogo conhece Rodrigo, menino que sonha em se tornar um grande boiadeiro. Eles logo viram amigos e testemunham as injustiças da região.
Crítica
Em 1976, Jeremias Moreira estreou no cinema dirigindo um filme que seria um marco de público na produção nacional: O Menino da Porteira. Baseado numa canção bastante popular e com o cantor Sérgio Reis como protagonista, como resultado mais de três milhões de espectadores foram assistir! Mais de trinta anos depois, o diretor resolveu recriar seu próprio sucesso. E a luta para alcançá-lo promete ser boa! Afinal, à frente do elenco desta nova versão está outro músico bem conhecido, o sertanejo Daniel (que, apesar de não ser ator, não chega a comprometer), e em todos os detalhes os cuidados necessários foram tomados. Porém, talvez seja justamente esse seu maior problema: é tão ‘pré-fabricado’, feito para dar certo, que resulta em algo frio e distante, não convencendo o público e sem proporcionar grandes emoções.
O novo Menino da Porteira, por mais curioso que possa parecer, tem uma trama muito similar à de outra obra pretensiosa – e fracassada – recente: Austrália, de Baz Luhrmann. Ambos falam sobre criação de gado, a importância deste mercado para a construção de um país, da comum exploração dos grandes fazendeiros em relação aos pequenos criadores e, por fim, como os oprimidos, unidos, podem provocar mudanças. Mas se lá tínhamos Hugh Jackman, Nicole Kidman e os encantadores cenários dos prados da região, aqui temos Daniel, Vanessa Giácomo (Os 12 Trabalhos) e a fotografia televisiva de Pedro Farkas (Os Desafinados), que em nenhum momento se deixa comover com o visual ao seu redor, parecendo mais preocupado em oferecer closes dos protagonistas do que em produzir algo realmente cinematográfico. Isso sem falar em mais uma composição estereotipada de José de Abreu, como o grande vilão (repetindo o que já foi visto em Vingança), e um menino quase tão insuportável quanto o aborígene australiano.
O Menino da Porteira fala de um peão que conduz uma grande boiada até a fazenda Ouro Fino. Ao chegar lá, descobre que os pequenos fazendeiros da região estão procurando por alguém que leve seus animais para serem negociados diretamente na cidade, sem passar por atravessadores – e o maior deles, o dono da Ouro Fino, não fica nada contente com a notícia. Mesmo sem querer, o peão acaba se colocando no meio de um briga que não é dele, mas que assume com gosto quando presencia atos de severa injustiça do ex-contratante. Além disso, dois outros personagens irão mexer com suas convicções: a bela enteada do ganancioso coronel e um menino das redondezas que sonha em ser igual a ele quando crescer.
Com um custo de R$ 8 milhões (alto para os padrões nacionais) e um lançamento que o colocará em cartaz no mesmo dia em todas as principais cidades brasileiras – serão mais de 350 cópias, números superiores ao de Batman: O Cavaleiro das Trevas, por exemplo – a aposta é que O Menino da Porteira irá ultrapassar fácil a marca de público da primeira versão. Se isso irá realmente acontecer, no entanto, só o tempo poderá dizer. Caso as expectativas se confirmem, mostrará que o que falta mesmo para a nossa produção é um bom sistema de marketing e distribuição. Afinal, nada do que é visto aqui inspira méritos para um resultado tão positivo. Com um roteiro sem ritmo e previsível, com cenas climáticas que provocam mais bocejos do que interesse e visualmente decepcionante, o que se tem em cena é mais um desfile de merchandisings mal planejados e uma obra sem alma. Não o suficiente para detestá-la, muito menos para admirá-la. O que merece, mesmo, é a indiferença.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 5 |
Alysson Oliveira | 2 |
MÉDIA | 3.5 |
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