Crítica
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Sinopse
Logo depois de se mudarem com o restante da família para uma pequena cidade, especificamente numa casa isolada de tudo, dois irmãos começam a desconfiar que a propriedade pode estar sendo assombrada por uma entidade.
Crítica
O curioso do título nacional para essa produção austríaca, além do seu caráter absolutamente genérico, é também sua imprecisão. Afinal, não há muitos segredos em O Mistério da Casa Assombrada, quanto mais assombrações. A não ser que o espectador seja daqueles que pense que Gasparzinho está ali para assustar alguém, ao invés de fazer amigos. Pois é exatamente o que acontece no longa dirigido por Daniel Prochaska a partir do romance de Martina Wildner. Há, sim, uma nova residência que os protagonistas desconhecem, e não há muita dissimulação quanto ao fato de que nela há, de fato, fantasmas. Mas esses não querem causar mal algum – pelo contrário, estão atrás de ajuda para resolver um caso que vem se arrastando por décadas. E se tudo no filme é exposto de maneira objetiva, assim também são os resultados pela obra alcançados: aqui, encontra-se exatamente aquilo que se compra.
O que isso, enfim, quer dizer? O que esperar de uma trama adolescente envolvendo uma turma inesperada de amigos atrás da resolução de um evento ocorrido há muito tempo, que pode representar tanto a sorte de uns como a danação de outros? Pois então, é como estar diante de uma cartilha que segue passo a passo as diretrizes do formato. Um estilo traçado aos detalhes em dezenas de aventuras dos Estúdios Disney desde os anos 1940 e que parece ter alcançado a perfeição com as movimentadas histórias criadas por Steven Spielberg e John Hughes – e seus seguidores e protegidos – nos anos 1980 em diante. É como Os Goonies (1985), de Richard Donner – talvez o exemplo mais bem-sucedido do gênero – só que com um forte sotaque alemão. Tem-se em cena os pais que não possuem a menor noção do que os filhos estão metidos, adultos malvados capazes das coisas mais terríveis e outros que apenas aparentam serem bandidos, mas que não verdade serão a preciosa ajuda na hora mais necessária – e vice e versa!
Tudo começa, é claro, com a chegada de uma família vinda da cidade grande. No pequeno vilarejo próximo à fronteira sul da Áustria que Sabine (Julia Koschitz) escolhe para morar após a morte do marido, ela e os filhos alugam uma velha – e enorme – casa há muito desocupada. Só após estarem estabelecidos é que Hendrik (Leon Orlandianyi), o filho mais velho, descobre que a nova morada foi palco de um terrível assassinato: sem saber que colhia cogumelos venenosos, a mãe os confundiu com alimentos e os serviu às crianças, que morreram em seguida. Ao descobrir o que havia feito, ela própria enlouqueceu, tendo sido recolhida para um manicômio em seguida. Se isso não parece tétrico o suficiente, as coisas pioram ainda mais quando o garoto percebe que o caçula começa a demonstrar um sonambulismo incomum, que o leva a mexer em coisas pela casa e falar frases inteiras em uma língua incompreensível. Sem conseguir resolver tudo sozinho, terá que pedir ajuda aos locais.
Como também é previsível em casos assim, os outros rapazes da mesma idade o tratarão com desprezo e violência, mas do que isso importa quando consegue atrair o interesse da menina mais bonita da região? Se ao mesmo tempo ela é fluente em esloveno – o idioma que o irmão tem se expressado durante o sono – as coisas passam a se encaixar como num quebra-cabeças, que para ficar completo contará ainda com a ajuda do nerd de ocasião, sempre disposto a oferecer sugestões que ninguém havia imaginado, mas que farão a diferença na hora de maior apuro. Os três, então, não terão muito trabalho além de conversar com a tal alma penada que os está perseguindo e descobrir que tudo o que precisam fazer é seguir as dicas que por ela serão oferecidas.
Surpreendentemente indicado em quatro categorias no Austrian Film Award – o ‘Oscar da Áustria’ – um feito que deve falar mais a respeito da falta de concorrência do que dos méritos aqui reunidos, O Mistério da Casa Assombrada ao menos é honesto em suas ambições e competente em entregar exatamente o que promete. Se questões técnicas, como efeitos visuais e direção de arte, são eficientes, ajudando a criar a atmosfera necessária para que a trama se desenvolva, por outro lado há equívocos que poderiam ter sido evitados – como as composições exageradas de Lars Bitterlich (o amigo gênio) e de Michael Pink (007: Operação Skyfall, 2012), o vilão que não faz esforço algum para esconder suas reais intenções. Ambos são mais do que suficientes para denotar uma falta de atenção por parte da direção, que deixa claro estar mais preocupada em apenas cumprir cada etapa há muito esperada, ao invés de se ater também até no menor dos detalhes. Afinal, é esse tipo de cuidado que poderia ter elevado o conjunto da condição de mera diversão passageira para algo de fato memorável.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 6 |
Diego Benevides | 3 |
Chico Fireman | 1 |
MÉDIA | 3.3 |
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