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Sinopse

Lewis, de apenas 10 anos, acaba de perder os pais e vai morar em Michigan com o tio Jonathan Barnavelt. O que o jovem não tem ideia é que seu tio e a vizinha da casa ao lado, Sra. Zimmerman, são, na verdade, feiticeiros.

Crítica

Um legado das franquias Harry Potter e O Senhor dos Anéis é a quase ininterrupta série recente de adaptações cinematográficas de literatura fantástica. Listar os filmes do gênero lançados desde o início dos anos 2000 tomaria grande parte deste texto. O Mistério do Relógio na Parede, baseado no romance de John Bellairs, é a mais nova incursão no tema. Mescla elementos de vários longas-metragens já lançados; a direção é de Eli Roth; e há a presença de grandes astros, como Jack Black e Cate Blanchett. Aliás, não é difícil dizer que o maior interesse acerca do projeto está na participação da dupla.

Jonathan Barnavelt (Black) saiu de casa quando jovem, após brigas com o pai que não queria saber do filho envolvido com mágica. Atualmente, vive praticamente isolado, tendo como companhia apenas a vizinha Mrs. Zimmerman (Blanchett), isso até a chegada de seu sobrinho, Lewis (Owen Vaccaro), garoto de dez anos que vai morar com ele após a morte dos pais. O menino introvertido logo começa a se encantar com a atitude rebelde do tio que não tem regras para comer, dormir e se divertir, especialmente quando descobre a magia do local. Mas, como não poderia deixar de ser, o tal mistério do relógio na parede é um tabu que deve colocar todos em perigo.

Esse segredo não é uma grande inspiração no roteiro, muito menos o vilão que surge com sua descoberta. Sem spoilers, mas é aquilo que sempre se assiste em filmes que envolvem bruxos e magos. A escolha de Eli Roth para a direção do longa, sendo que seus trabalhos incluem exemplares de terror calcados no trash e na atmosfera B, como O Albergue (2005) e Canibais (2013), não é das mais acertadas. Não que o cineasta faça um mau trabalho, mas a provável interferência do estúdio deve ter pesado sobre sua criatividade. Ainda que com lampejos de referências a Alfred Hitchcock e Stanley Kubrick em certas cenas, a decupagem soa asséptica, sem assinatura e genérica.

O roteiro de Eric Kripke, profissional conhecido por ser o criador da série Supernatural, sugere soluções muito apressadas para um filme com pouco mais de 90 minutos. E isso vai desde o desenvolvimento dos personagens às situações que envolvem o clímax (como a resolução do problema com o vilão). Talvez pelo costume com os seriados televisivos, recheados de episódios para contextualizar e ampliar a psique de cada um na tela, Kripke não tem sutileza na hora de aprofundar. O caso de Lewis, por exemplo, é o que mais evidencia isso, pois o garoto é o protagonista. E a mudança brusca na sua personalidade (de jovem tímido a um sagaz e safo aprendiz de mago) acaba interferindo também na atuação de Owen Vaccaro, intérprete que não consegue lidar bem com as nuances, parecendo viver duas pessoas, e não uma que a amadurece ao longo da projeção.

É claro que nem tudo está perdido. Mesmo com as falhas, as soluções visuais para criar o ambiente fantástico acabam tornando determinadas coisas mais divertidas, vide os bonecos ganhando vida (e até tirando sarro de certa Annabelle), as abóboras de dentes afiados, os móveis que se comunicam ou o quadro que muda sua pintura viva sempre que a câmera passa por ele. A química de Black e Blanchett transparece de forma natural, com os dois astros à vontade em seus papéis, sem precisar de muito esforço. Ainda mais com os "xingamentos carinhosos". Ela, então, nem se fala. Após viver Hela em Thor: Ragnarok (2017), a vencedora do Oscar resolveu dar um tempo em papéis mais complexos para apenas relaxar, sem perder o talento.

O grande problema de O Mistério do Relógio na Parede (além do desperdício de Kyle MacLachlan) é ser genérico demais. Um filme que parece ter sido feito e visto várias vezes. Não precisava ser extremamente complexo ou original, mas também se torna totalmente esquecível assim que finda a sessão. Nada marcante em qualquer cena ou diálogo. É aquele legítimo blockbuster para pegar a pipoca, sentar na sala escura, dar algumas risadas e aproveitar os momentos de ação, mas nada além. Às vezes, não precisa ser mais, também. Só Cate Blanchett se divertindo como num parque de diversões já é um convite mais que aceitável para a jornada.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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Matheus Bonez
5
Filipe Pereira
7
MÉDIA
6

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