O Mochileiro Kai: Herói ou Assassino
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Colette Camden
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The Hatchet Wielding Hitchhiker
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2023
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EUA
Crítica
Leitores
Sinopse
Crítica
A história contada em O Mochileiro Kai: Herói ou Assassino é intrigante. Em 2013, um jovem sem-teto viralizou na internet depois de ter defendido (a machadadas) uma mulher atacada pelo homem que tinha lhe dado carona. Carismático e aparentemente sem papas na língua, Kai foi um fenômeno midiático alavancado por vários compartilhamentos, remixes e autotunes que o transformaram numa subcelebridade bastante festejada durante cerca de três meses nos Estados Unidos. O documentário refaz as etapas que levaram o rapaz ao estrelato, partindo do depoimento de Jessob Reisbeck, único repórter que entrevistou o “herói” no fatídico dia. Mais adiante, a cineasta Colette Camden vai enfileirando testemunhos de figuras distintas, tais como a executiva que ajudou a propulsionar a carreira pública de Kim Kardashian por meio de um reality show, o caçador de histórias inusitadas para um programa de audiência massiva, policiais acionados em algum momento desse caso insólito e membros da família do protagonista. O filme possui uma estrutura convencional, com entrevistas entremeadas por dramatizações redundantes – pois ilustram o que alguém acabou de dizer, não indo além disso. Em busca de mais e melhores subsídios para compreender o tom genérico do longa, chegamos à ausência de ambição da realizadora que, aparentemente, se interessa estritamente por contar uma história.
Histórias podem ser contadas de ângulos infinitos e com abordagens não menos vastas. Portanto, mensurar a qualidade de um filme simplesmente pela história é negligenciar aspectos que atribuem qualidade às experiências cinematográficas. Com raras exceções, o modo como as tramas são destrinchadas é responsável por distinguirmos entre as produções ruins, as medíocres, as boas e as excepcionais. Se fôssemos analisar O Mochileiro Kai: Herói ou Assassino estritamente pelo enredo que ele apresenta, certamente a nota no fim deste texto seria maior. Afinal de contas, Kai é uma figura fascinante, escorregadia, ora magnética por conta da bondade e do discurso ecumênico, ora capaz de atos intempestivos que denotam a sua instabilidade. No entanto, a forma como Colette Camden revela a ascensão e a queda equivalentemente violentas faz toda a diferença para o resultado mediano dessa experiência que temos como espectadores. A condução das entrevistas segue o manual dos documentários tipo “cabeças falantes”, adequado à apropriação que o jornalismo faz do cinema. Jornalismo esse que prioriza a notícia, os fatos, o encadeamento das informações em prol de uma imagem esclarecedora. Já o cinema, especialmente quando ciente de suas vastas possibilidades narrativas, não tem compromissos engessados com fatos, ao menos não mais do que possui com representações e pontos de vista.
O desejo de “apenas contar uma boa história” acaba se tornando a limitação desse true crime. Colette Camden foca na progressão reta de uma narrativa que começa como conto de fadas e acaba parecendo pesadelo. As falas dos depoentes são encadeadas no modo “autocompletar”, ou seja, com as informações de uns costuradas às dos outros a fim de chegar a uma tapeçaria única, sem espaços às contradições. Não há muitas tensões entre as falas, indício mais do que claro dessa preconcepção jornalística que soterra os anseios cinematográficos. Porém, o maior calcanhar de Aquiles desse documentário é a falta de atenção para as nuances que estão ali, disponíveis, mas nunca são devidamente encaradas e/ou aprofundadas. Fica evidente que Kai foi celebrado antes de alguém minimamente investigar o seu passado. Essa ansiedade para criar (e depois destruir) ídolos de barro poderia ser mais bem desenvolvida, mas não passa de uma simples anotação num diário de bordo. A responsabilidade da sociedade também é sugerida no questionamento sobre o perigo de festejar publicamente um homem que, por mais bem intencionado, se vangloria de ter desferido machadadas em alguém com sorriso no rosto. Os trabalhadores dos bastidores da imprensa e dos reality shows são entrevistados como se vítimas de um farsante, nunca arrolados como corresponsáveis por uma distorção que não é incomum.
Colette Camden poderia ter feito O Mochileiro Kai: Herói ou Assassino a partir de inúmeras perspectivas. Poderia utilizar Kai como fagulha para incendiar o discurso sobre a voracidade da mídia. Também poderia fazer do caso de Kai um exemplo de como a sociedade se comporta na era do entretenimento. Poderia fazer como Martin Scorsese em Taxi Driver (1976), ou seja, mostrar esse "herói" enquanto espelho torto que reflete a coletividade, subproduto trágico de várias distorções que envergam a percepção da opinião pública. A diretora Colette Camden tinha a faca e o queijo na mão para observar Kai a partir desses prismas cáusticos, pois diante de um homem com distúrbios mentais reduzido a memes e alçado à categoria de subcelebridade, um sintoma perigoso dessa coletividade enferma. No entanto, ela se restringe a contar a história, sem posicionar-se diante dos seus agentes e tampouco demonstrar vigor em sua abordagem de um caso tão inusitado. Por isso o filme parece uma reportagem filmada, no que a aproximação tem de mais reducionista do ponto de vista da obtenção de resultados. Ao seu favor, Colette tem uma trama de implicações instigantes, mas prefere enfileirar informações e nunca gerar um diagnóstico mais que conformista. Para encerrar, uma pergunta para refletir sobre o filme: ele nos oferece algo que não assimilaríamos do mesmo modo lendo o verbete de Kai na Wikipédia?
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Meu nome é Carlos Henrique de Sousa, moro em Mairiporã, minha história é a seguinte 1918 comprei uma bike e nunca tinha andado de bike. Então, comecei a andar a aqui na minha cidade, onde somente tem morros, lógico levei vários tombos e chegava em casa todo machucado e não fui ao hospital em nenhum momento depois dos tombos feios. No começo de 2019 resolvi ir com meu colega de bike de Mairiporã até o parque municipal de Jundiaí, durante o caminho levei um tombo feio e me machuquei bastante, o louco de tudo um ônibus atrás de mim parou em cima de mim sem me encostar em meu corpo e também na bike. Com dores e por causa da adrenalina continuei o percurso até o destino, com dores por causa dos ferimentos, é lógico não tive nenhum tipo de fratura. Enfim, chegamos no parque municipal de Jundiaí e depois voltamos para Mairiporã e não procurei nenhum pronto socorro. Em 2021 esqueci a minha chave no lado de dentro do portão social, então fui tentar pular o muro do meu vizinho para chegar até o portão social do lado de dentro do mesmo. Tentando escalar o muro para descer mesmo, cai de uma altura de 7 metros. Lógico, machuquei muito, mas também não tive nenhum tipo de fratura, nesses momentos eu imaginava que iria morrer, estou aqui até hoje em 10/01/2023 sem nenhuma sequela. Está é minha história, antes da pandemia eu visitei vários enfermos em hospitais e em suas residências.