Crítica
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Sinopse
Crítica
Nós já vimos esse filme antes, e mesmo que da outra vez não tenha sido tão emocionante, ele está de volta, quase do mesmo jeito, sem surpresas nem novidades. O Natal dos Coopers é exatamente igual a qualquer outro drama que volta e meia surge nesta época do ano desde a consagração da sétima arte – ou seja, há mais de um século – sem acrescentar absolutamente nada de diferente ao conjunto. É mais do mesmo, sem tirar nem por. E ainda que conte com um elenco de respeito, encabeçado por atores oscarizados como Diane Keaton, Alan Arkin e Marisa Tomei, todos estão em ponto morto, fazendo apenas o básico para evitar um constrangimento maior. Este é mais um daqueles projetos coletivos, com várias histórias simultâneas correndo em paralelo, todas tentando emular o ‘verdadeiro espírito natalino’. E como sabemos, são raras as ocasiões em que quantidade é significado de qualidade.
Diane Keaton fez este mesmo filme alguns anos atrás, e se chamava Tudo em Família (2005). Assim como Alan Arkin, só que o dele tinha como nome Anjo de Vidro (2004). E ambos estiveram em situações melhores na primeira vez. Assim como no outro longa de Keaton, O Natal dos Coopers trata da reunião de vários membros de um mesmo núcleo familiar, na noite do Papai Noel, e como resultado todas as desavenças e antigos traumas entre irmãos, primos, pais e filhos e maridos e esposas vem à tona, numa longa e entediante sessão de lavação de roupa suja. Já no caso de Arkin, a semelhança está no fato de ambos os títulos proporem o previsível jogo de apresentar diversos personagens aleatórios que, aos poucos, vão se conectando uns com os outros. Ao invés de proporem enredos verossímeis que prendam a atenção do espectador, tudo que conseguem é estimular um passatempo do tipo ‘qual a ligação desta história com a seguinte?’, e assim por diante.
Alan Arkin é o patriarca, um senhor solitário que se surpreende consigo mesmo ao se descobrir apaixonado pela garçonete (Amanda Seyfried) que lhe atende diariamente na lanchonete da esquina. Ele tem duas filhas, uma solitária, que é pega roubando um broche em uma loja (Tomei), e outra que é o oposto (Keaton), casada há anos com um homem (John Goodman) que não sabe se a ama mais, e mãe de dois filhos, uma jovem que não dá certo nos namoros (Olivia Wilde) e um rapaz desempregado e recém separado (Ed Helms) que luta bravamente para manter o respeito com os filhos e com a ex-mulher. Ah, e ainda há a tia octogenária que sofre de flatulência (June Squibb, fazendo exatamente a mesma personagem que foi de Geraldine Chaplin em Feriados em Família, 1995), tentando funcionar como alívio cômico. O embaraço, como se pode perceber, é geral. E salve-se com dignidade aqueles que forem mais hábeis.
Jessie Nelson, realizadora que estava sem dirigir desde o emocionante Uma Lição de Amor (2001), faz do roteiro de Steven Rogers (do lacrimoso P.S. Eu Te Amo, 2007) um pastiche que aponta para vários lados, sem acertar mira alguma. A relação entre o senhor mal humorado e a bela garçonete é frívola e exagerada, assim como neto que tudo que sabe fazer é tirar fotos em frente a uma árvore de Natal (como ele faz para se sustentar no resto do ano?). Keaton e Goodman possuem boa química juntos, mas o drama que tenta conectá-los – ela é ligada demais na família, enquanto que ele quer apenas fazer uma viagem à África a dois – soa pueril diante os demais dilemas em cena. E o que dizer de Wilde, que convence um militar boa praça (Jake Lacy, de Uma Notícia Inesperada, 2014) a se passar por seu namorado durante o jantar apenas para ela não chegar sozinha a mais um encontro familiar (abrindo espaço para um romance pouco convincente entre os dois).
Mas O Natal dos Coopers não é só obviedades e clichês. Por mais superficial que seja, a conversa entre a ladra de ocasião e o policial (Anthony Mackie) na viatura, quando ela se faz passar por psicóloga e ele, aos poucos, vai se abrindo, consegue ganhar uma dimensão além da superfície, mérito exclusivo dos dois intérpretes, que fazem milagre com o quase nada que lhes é oferecido. Mesmo assim, é muito pouco para um conjunto que merecia mais. Tão descartável quanto as embalagens dos presentes que são jogadas no lixo no dia seguinte à festa, esse filme parece atender apenas a um anseio um tanto maquiavélico: aquele que pretende dar a entender que, se a coisa está ruim do lado de cá, pode ser reconfortante perceber que para outros pode estar muito pior. Mesmo que seja apenas na ficção.
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