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Crítica


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Sinopse

Um misterioso homem oferece a um pacato professor do ensino médio, que teve a esposa atacada, a oportunidade de vingar-se!

Crítica

A primeira coisa a ser dita sobre O Pacto é, muito provavelmente, também a mais importante: o filme é melhor do que se poderia esperar. Isso não quer dizer também que seja fantástico, imperdível ou memorável – muito pelo contrário, está longe disso! Mas a referência se torna necessária quando percebemos qual é o primeiro nome do cartaz: o atualmente famigerado Nicolas Cage, um ator que veio de boa família (é sobrinho de Francis Ford Coppola), despontou como jovem revelação, conquistou o respeito com a vitória no Oscar, se tornou campeão de bilheteria e depois desperdiçou todo esse esforço num sem número de bobagens no mínimo constrangedoras – como os recentes Reféns e Caça às Bruxas. O lançamento atual é mais um da safra de 2011 – que teve um total de 5 títulos! – e talvez seja o menos pretensioso, e por isso mesmo, o mais interessante.

Merecidamente vencedor do Oscar por Despedida em Las Vegas (1995) e indicado novamente por Adaptação (2002), nos últimos anos a impressão que o público em geral tinha era de que Cage havia desaprendido como se atuava. Não que O Pacto vá mudar esse sentimento, mas ao menos algumas opções aqui apontam para um caminho diferenciado. Primeiro vem a escolha do diretor, dessa vez um profissional experiente e com um histórico de respeito: Roger Donaldson, de thrillers competentes como Sem Saída (1987) e Treze Dias que Abalaram o Mundo (2000). Depois temos um elenco que combina origens diversas, como o inglês Guy Pearce e os americanos January Jones (Mad Men), Jennifer Carpenter (Dexter) e Harold Perrineau (Lost). Esses três últimos são destaques na televisão em seriados de muito sucesso e aqui, mesmo em papeis pequenos, atendem às expectativas. Mas o ponto-chave mesmo é a escolha de Pearce para ser o oponente de Cage – um duelo entre dois talentos à altura. Guy Pearce é tão subestimado (mesmo tendo sido protagonista de filmes como Priscilla, A Rainha do Deserto (1994), Los Angeles: Cidade Proibida (1997) e Amnésia (2000), continua sendo um ator pouco conhecido) quanto Nicolas Cage é supervalorizado, e nesse encontro o equilíbrio produz um bom efeito.

No começo de O Pacto, uma jovem é estuprada ao entrar no seu carro, estacionado numa rua vazia no meio da noite. Ela (Jones) é casada com um professor de inglês (Cage), que no hospital, enquanto aguarda pela melhora dela, é abordado por um desconhecido (Pearce) que lhe faz uma proposta aparentemente irrecusável: dar um jeito no homem que atacou a vítima, assassinando-o sem deixar rastros. O preço disso? No momento nada, apenas um favor a ser cobrado no futuro. E aí começam os problemas. O bandido é morto, nenhum culpado é encontrado, e seis meses depois uma ligação muda o cenário de paz e tranquilidade: a sociedade secreta responsável pelo ato – e por tantos outros similares, pois afirmam estarem fazendo uma “limpeza” na cidade – quer agora a retribuição. O serviço será empurrar um suposto pedófilo de cima de uma passarela, jogando-o numa via expressa, o que certamente o matará. Incapaz de atender o que lhe pedem, passa a ser perseguido pelos que lhe ajudaram, e aos poucos descobre que a conspiração pode ser muito maior do que imagina – e que nem tudo que lhe dizem ou pedem é, de fato, verdade.

Em 2011, qualquer um do trio de protagonistas teve seu sucesso de bilheteria. January Jones esteve em X-Men: Primeira Classe, que arrecadou mais de US$ 350 milhões em todo o mundo. Guy Pearce marcou presença no oscarizado O Discurso do Rei, que teve um faturamento acima dos US$ 400 milhões. E Nicolas Cage teve que apelar para a sequencia Motoqueiro Fantasma: Espírito de Vingança, que deve somar pouco mais dos US$ 120 milhões. No entanto, nenhum dos três teve força suficiente para garantir um lançamento digno para O Pacto, que estreou nos Estados Unidos meses após ter ficado pronto, em apenas 300 salas (uma estreia média chega a atingir 10 vezes esse número) e cujo retorno nas bilheterias foi pífio. Portanto, trata-se de uma obra de alcance limitado, que passará desapercebida entre muitos, mas que merecia um destino um pouco melhor. É um passatempo eficiente, e em nenhum momento se pretende além. Em muitos casos isso seria suficiente, mas infelizmente os envolvidos exigiam mais. Muito mais.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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