O Pagamento
Crítica
Leitores
Sinopse
Michael Jennings (Ben Affleck) é um engenheiro de computação brilhante, que constantemente é contratado por grandes empresas para trabalhar em projetos secretos. Sempre que trabalha nestes projetos, após concluir seu serviço, Jennings passa por um processo onde parte de sua memória de curto prazo é apagada, para evitar que informações secretas vazem. Trabalhando em um grande projeto, que pode lhe render bilhões de dólares como pagamento, Jennings se dedica a ele por três anos e, após concluí-lo, tem sua memória apagada, como sempre. Porém, ao invés de receber seu pagamento, Jennings recebe um envelope contendo diversos e estranhos objetos, sendo ainda levado a acreditar que abriu mão dos bilhões de dólares. Estranhando a situação, Jennings decide investigar a empresa com a ajuda de uma companheira de trabalho, Rachel (Uma Thurman), mas é surpreendido com a notícia de que a polícia está atrás dele por algo que não se recorda de ter feito.
Crítica
O thriller O Pagamento, quando chegou aos cinemas, vinha precedido por grandes expectativas: além de se tratar de mais uma adaptação de um conto de Philip K. Dick, o mesmo autor que serviu de inspiração para Blade Runner: O Caçador de Andróides (1982), essa aventura de ficção científica deveria também ter funcionado como um alívio para as carreiras do diretor John Woo e do ator Ben Affleck. Woo vinha do fracassado Códigos de Guerra (2002), enquanto que Affleck contava, como último trabalho, sua participação no constrangedor Contato de Risco (2003), ao lado da ex-namorada Jennifer Lopez. Estas esperanças, no entanto, foram em vão: os resultados apresentados foram, no mínimo, frustrantes, a ponto de praticamente dar por encerrada a carreira do cineasta chinês em Hollywood.
Artisticamente falando, esse trabalho não é nada original – apesar de toda a tecnologia e o aparato futurista apresentado como embalagem, não passa de uma trama ordinária de gato-e-rato. Até diverte enquanto escapismo rápido e inconseqüente, mas não chega a corresponder a nenhuma de suas ambições mais elevadas (ao contrário do contemporâneo Minority Report: A Nova Lei, 2002, também baseado na obra do mesmo autor e que até levantava algumas questões pertinentes). Já em relação aos números, por outro lado, o embaraço foi igualmente decepcionante: mesmo tendo custado relativamente barato para uma produção desse tipo (cerca de US$ 60 milhões), não arrecadou nas bilheterias norte-americanas muito mais do que US$ 50 milhões, terminando sua carreira nas telas ainda no débito e só conseguindo fechar as contas com a ajuda do mercado internacional.
Se optarmos por deixar de lado todos esses dados, entretanto, O Pagamento até pode ser encarado como uma diversão relativamente eficiente. O personagem de Affleck é Michael Jennings, um engenheiro que, contratado para um serviço ultra-secreto, concorda em ter sua memória apagada ao término desse (após um prazo de 3 anos) em troca de um pagamento de quase 100 milhões de dólares. Acontece que quando chega a hora dele receber sua grana, nada dá certo e ele passa a ser vítima de uma perseguição que deseja assassiná-lo. Os únicos que podem ajudá-lo são sua nova esposa (que ele não consegue se lembrar), vivida por Uma Thurman, o melhor amigo (Paul Giamatti) e ele próprio. Explica-se: o projeto em que estava envolvido era sobre a possibilidade de prever o futuro e, como havia previsto tudo o que aconteceria após o seu desligamento, enviou a si mesmo pelo correio uma série de 20 itens que o ajudariam a se livrar de eventuais enrascadas subseqüentes.
As utilidades de cada um desses objetos – que acabam se revelando importantes nos momentos mais absurdos possíveis – e o ritmo intenso proposto pelo diretor são o que melhor se aproveita em O Pagamento. Isto depois do desempenho de Thurman, uma atriz geralmente subestimada que aqui se mostra impagável em cada cena e responsável pelas melhores tiradas da trama. Ben revela-se mais uma vez dedicado ao que lhe exigem, porém sem muito o que fazer, e Woo repete todos os maneirismos que o tornaram conhecido – para melhor e para pior. Seus exageros estão todos lá, assim como os acertos. Quanto à satisfação do espectador, ficará a critério de cada um na audiência julgar se esse repeteco agitado e bem-humorado vale ou não o esforço dos envolvidos.
Deixe um comentário