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Crítica


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Sinopse

Decidido a entrar para a História, o prefeito da cidade do Rio de Janeiro decide separar a capital fluminense do resto do Brasil e fundar uma nova nação.

Crítica

Um canteiro de obras serve como palácio governamental para o novo prefeito do Rio de Janeiro. Elegante em seu traje de gala, com voz firme e trejeitos burgueses, o político alinha os objetos de sua mesa perpendicularmente com o auxílio de uma régua e brinca com pedras e outros entulhos enquanto confabula planos para um novo centro da cidade. Entre uma ideia e outra, decide tornar o estado fluminense um país independente do Brasil. Alegoria ácida sobre poder, corrupção e caos, O Prefeito é o mais novo trabalho de Bruno Safadi e, ainda que pareça atemporal, carrega um discurso que não poderia ser mais pontual.

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Uma sucessão de longos enquadramentos de pedras em diferentes formatos abre a produção, que foi gravada em meio à demolição do Elevado da Perimetral, no Rio de Janeiro. O ambiente é a imagem do caos que domina o cenário político brasileiro; escombros cercam toda a pompa e postura que os governantes devem manter mesmo em tempos nebulosos. O barulho é quase ensurdecedor, com britadeiras e maquinários pesados ao fundo, como ecos de uma guerra civil que já parece instaurada. Mesmo assim, o tal prefeito parece não ouvir ou se importar; o que vale mesmo é sua obstinação em fazer seu mandato ser o melhor de toda a história da política brasileira.

Safadi, que já voltou suas câmeras para o mal-estar social e outros dilemas urbanos em filmes como Éden (2013) e Meu Nome é Dindi (2007), arrisca uma narrativa que explora diferentes maneiras de se contar uma história, seja no preto e branco experimental, na narração em off sobre imagens estáticas ou no onírico como solução pretensamente surreal para parte de seu enredo. Suas locações são excelentes para complementar a pretensão de seu filme, que resume a Cidade Maravilhosa a um grande canteiro de obras em vésperas de Jogos Olímpicos, quando não escapa a este cenário para mostrar os decadentes e lúgubres becos da Cinelândia carioca.

O Prefeito também é um filme do ator Nizo Netto, que se imposta na caricatura tragicômica de um homem convicto de seus ideais, disposto a conquistá-los indiferente às consequências. Seu discurso é curto e grosso, e se baseia na máxima de que política é feita 95% do presente, 5% do passado e que se foda o futuro, pois seria trabalhar para outros. Assim, investimentos para a educação se tornam irrelevantes, pois demoram muito para se mostrarem eficientes. Netto, filho do saudoso Chico Anysio, compõe uma figura singular, divertida na tela, mas assustadora quando comparada aos seus semelhantes que infelizmente não vivem apenas na ficção.

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Djin Sganzerla figura em algumas cenas como uma alma errante, que guia o protagonista como se fosse sua consciência. Outros políticos aparecem apenas em pequenas sequências, incluindo aí uma certa “presidenta”, e todos compactuam com os planos do prefeito em troca de alguns benefícios. O Prefeito se encerra em pouco mais de uma hora de duração, enquanto ainda parece coerente e aprazível, porém sem concluir algumas das muitas questões que propõe. Mas não é assim também na política?

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Graduado em Publicidade e Propaganda, coordena a Unidade de Cinema e Vídeo de Caxias do Sul, programa a Sala de Cinema Ulysses Geremia e integra a Comissão de Cinema e Vídeo do Financiarte.
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Conrado Heoli
7
Francisco Carbone
7
MÉDIA
7

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