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Sinopse

Há anos trabalhando junto, um quarteto de músicos experientes é abalado pela notícia de que um deles sofre de Mal de Parkinson. Além da tristeza e da consternação, os quatro sofrem consequências que não poderiam imaginar.

Crítica

Com algumas notas melodramáticas, ritmo crescente e personagens que soam muito plausíveis, O Quarteto (2012) se inicia com uma citação ao poema “Quatro Quartetos”, de T.S. Eliot, que fala sobre o passado e o futuro contidos num presente irredimível. O tempo e a efemeridade do que está suscetível a ele são os temas centrais do drama de Yaron Zilberman, que apresenta quatro músicos intencionados a manter a arte exercida por eles acima das diferenças e dificuldades particulares de cada um.

Orquestrado a partir de uma narrativa tradicional, que se divide entre as complexas histórias de seus protagonistas, O Quarteto tem a música clássica de Beethoven como fio condutor – em especial, a belíssima Opus 131 String Quartet in C# Minor. O roteiro, escrito a quatro mãos por Zilberman e Seth Grossman, beneficia não apenas o ambiente musical do filme, como seus protagonistas, interpretados com sintonia e impressionante entrega por um quarteto de grandes atores: Philip Seymour Hoffman, Christopher Walken, Catherine Keener e Mark Ivanir.

Num hiato entre as temporadas internacionais de suas prestigiadas apresentações, o “Quarteto em Fuga” se depara com o pior momento de sua história, quando uma sucessão de inconvenientes ameaça os separar. O maduro violoncelista Peter Mitchell (Walken) descobre os primeiros sinais do mal de Parkinson, que para sua carreira musical pode ser pior que qualquer câncer, quando um duelo de egos estremece as relações de Robert e Daniel, primeiro e segundo violinistas (Ivanir e Hoffman, respectivamente), assim como o casamento de Daniel com Juliette (Keener), a violista do quarteto.

Tudo é amargo e opaco em O Quarteto. Não há muito espaço para respiros, a não ser quando um dos personagens admira os tempos áureos do grupo retratados em um documentário. A luta de cada um para superar suas próprias desventuras em busca de um bem maior – a música – é admirável, ainda que igualmente aflitiva. É um efeito dominó que os derruba e parece surgir do acaso, azar, carma ou simplesmente da eventualidade da vida. A fotografia de Frederick Elmes, que já demonstrou sua competência em Veludo Azul (1986), retrata com tons melancólicos os desafortunados músicos, que rumam para aquele que pode ser seu último concerto juntos. A música de Angelo Badalamenti, interpretada pelo Brentano String Quartet e comoventemente simulada pelo elenco do filme, torna a sessão ainda mais conflitante.

Curiosamente, O Quarteto pode ser confundido com a agridoce estreia na direção de Dustin Hoffman, lançada no Brasil com o mesmo título. No entanto, enquanto The Quartet (2012) foi traduzido literalmente para o português, este drama de Yaron Zilberman, no original, se chama A Late Quartet. Título este que se remete a uma cena específica na introdução e encerramento do filme, com um palco vazio e o grupo atrasado, e também ao quarteto tardio, que se aproxima de uma despedida iminente.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Graduado em Publicidade e Propaganda, coordena a Unidade de Cinema e Vídeo de Caxias do Sul, programa a Sala de Cinema Ulysses Geremia e integra a Comissão de Cinema e Vídeo do Financiarte.
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