O Que Será de Nozes 2
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Cal Brunker
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The Nut Job 2: Nutty by Nature
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2017
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EUA / Canadá / Coreia do Sul
Crítica
Leitores
Sinopse
Crítica
Três anos atrás, fomos apresentados ao esquilo Surly e sua luta para defender o parque onde ele e seus amigos moram, no centro da cidade, e a busca incessante por comida. Bom, o resultado de O Que Será de Nozes? (2014) – produção de US$ 42 milhões que arrecadou três vezes esse valor nas bilheterias de todo o mundo – é resgatado rapidamente no início de O Que Será de Nozes 2, a inevitável continuação que nos coloca mais uma vez frente aos mesmos personagens, agora morando felizes no porão de uma loja abandonada que os deixou um suplemento quase inacabável de alimentos. Pois é, a conclusão de um capítulo é exatamente a mesma chave para o início do próximo, e, para isso, basta eliminar tudo o que havia sido acertado anteriormente. Assim, parte-se para um recurso bastante primário e imediato – explode-se o lugar! – e os bichinhos voltam ao ponto de origem, sem terem para onde seguir. Sensação próxima à sentida pelo espectador, que vê preso em uma armadilha: foi de encontro a uma sequência e, o que encontra, é praticamente uma refilmagem.
A novidade, no entanto, não vem do mundo animal: ou quase isso. A ameaça dessa vez é o Prefeito, que vê o parque público como um espaço inútil e sem receita. Por isso, planeja transformá-lo em um parque de diversões, com brinquedos pagos e a possibilidade não apenas da cobrança de impostos, mas também do superfaturamento das obras que serão necessárias para a sua construção. A impressão é que estamos diante de um político brasileiro, o que apenas reforça que a roubalheira generalizada e a corrupção inegável da maior parte da classe política já se transformou em um clichê mundial, o vilão mais óbvio e redundante. O diretor Cal Brunker (A Fuga do Planeta Terra, 2013) também não demonstra interesse algum em ir além dessa leitura primária, contentando-se com o mais fácil aos olhos do seu público.
E este é um ponto interessante a respeito de O Que Será de Nozes 2: este é um filme feito para crianças, e das mais pequenas. Ele não só demonstra ambição zero em promover duas ou mais camadas de interpretação, buscando uma identificação com o espectador adulto – normalmente, acompanhante nas sessões de cinema – como também se exime de ir atrás dos jovens cinéfilos em formação, aqueles já acostumados com o gênero e aptos e reconhecer paralelos e inspirações. Aqui, tudo é como se fosse a primeira vez – a despeito do título, que deixa clara sua condição enquanto continuação. É tudo muito básico: os bichos estão felizes, até não estarem mais. Daí buscam alternativas individuais, até precisarem se unir mais uma vez contra um inimigo em comum. O resultado, como é de praxe em casos assim, não é difícil de ser imaginado.
Há, no entanto, uma curiosidade que desperta a atenção dos mais ávidos: a presença feminina. Surly, o esquilo macho-alfa, lidera um grupo de acomodados, que não querem ser incomodados e estão felizes em permanecerem inertes colhendo os frutos de suas aventuras passadas. O contraponto é Andie, a esquila disposta a lutar por seus instintos naturais, como a necessidade da caça e a ânsia por novas e excitantes jornadas. Mesmo com tudo que lhe é posto ao seu alcance, ela segue tentando ensinar o valor de cada conquista, das empreitadas diárias e do quanto não se pode deixar abater após toda derrota – para ela, o importante é seguir de cabeça erguida e com pensamento positivo. A menina, portanto, é o grande exemplo. E ainda que alinhado a um pensamento recorrente de empoderamento feminino pertinente e necessário, o filme não consegue defendê-lo a todo custo, deixando, para a última hora, que o protagonismo masculino prevaleça mais uma vez. O que não deixa de ser uma oportunidade desperdiçada de mais um bom exemplo.
Ainda que o orçamento deste segundo episódio tenha se mantido praticamente o mesmo do capítulo anterior, O Que Será de Nozes 2 naufragou nas bilheterias mundiais, arrecadando um valor total que mal chegou a cobrir os seus custos. Esta é apenas uma das respostas que colocam em evidência o desgaste da fórmula – algo que, pelo jeito, não foi compreendido, uma vez que já foi anunciada a conclusão da trilogia para 2019. De cachorros babões e ratinhos branquinhos enfezados – um tipo totalmente calcado no coelhinho fofinho, porém selvagem, de Pets: A Vida Secreta dos Bichos (2016) – o gênero já está mais do que saturado. Que venham novas ideias, portanto, para ocupar o espaço que tais desgastes como esse precisam, urgentemente, abrir mão.
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