Crítica
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Sinopse
O SUS que dá certo aparece no Centro de Parto Humanizado Casa Ângela de São Paulo, Parto Orgásmico, Parto na Água, VBAC (Vaginal Birth After Cesarean) - Parto Normal Após Cesárea, os cuidados com recém-nascidos, a cena obstétrica na Holanda, Nova Zelândia e em Camboja e a importância do aleitamento materno segundo diretrizes da Organização Mundial de Saúde.
Crítica
O cineasta Eduardo Chauvet consegue um verdadeiro feito com o lançamento de O Renascimento do Parto 3. Além de fechar uma trilogia, algo bastante incomum no cinema brasileiro, ele faz isso na seara documental, o que torna sua empreitada ainda mais insólita. Todavia, é a fórceps que o realizador chega a tal proeza, pois o capítulo derradeiro da trinca de filmes debruçados sobre questões concernentes ao parto é basicamente uma colagem de excertos anteriormente abordados com variações. Além de não possuir uma linha central reconhecível, sendo constituído de fragmentos que trazem à baila desordenadamente meandros dos assuntos investigados, é patente a reutilização de imagens e sons. Outro sintoma gritante dessa prática de “encher linguiça” são as cenas de transição completamente genéricas, típicas de banco de dados, cujo efeito é somente estender a duração do longa para que ele tenha um pouco mais de 70 minutos.
Valendo-se novamente de registros de partos humanizados, contrapondo-os com depoimentos dramáticos de mulheres que sofreram coisas terríveis por conta de práticas obstetrícias beirando o desumano, O Renascimento do Parto 3 rapidamente esgota sua força, ficando refém de um discurso circular e reiterativo, alimentado por histórias bem parecidas. A estrutura narrativa não dá conta, por exemplo, de investigar devidamente a modalidade orgásmica de parto. Há uma clara vontade de estudar a prática, de desmistificar questões relativas às possíveis reações de prazer durante o nascimento dos bebês. Porém, inexplicavelmente, quando a pauta ameaça tomar o primeiro plano, o realizador desloca o foco para algo já absolutamente tratado, tornando seu filme banal, ou seja, desviando-se daquilo que poderia conferir-lhe relevância, especialmente, como parte de uma totalidade, assim justificando a trilogia.
Sobressai a sensação de que Chauvet não tinha material suficiente para abordar o parto orgásmico, por exemplo, isso para além da observação recorrente de uma mãe, na contramão do lugar-comum, sexualmente estimulada durante o procedimento. Afora o depoimento da colega estrangeira que fez um documentário sobre o assunto, nada mais é acrescido para nutrir a constatação da excepcionalidade. O Renascimento do Parto 3 logo volta a se ater às filmagens de condutas, no mínimo, duvidosas em ambientes médicos, de enfermeiras indevidamente dando banho em bebês como se os mesmos fossem mercadorias, entre outros absurdos. Menos incisivo e relevante que seus antecessores, este terceiro capítulo demostra sérias fragilidades conceituais. Em diversos instantes a câmera faz movimentos gratuitos, como no close-up do apresentador Serginho Groisman exatamente na hora em que sua esposa presta testemunho. Contraproducente.
Parece que O Renascimento do Parto 3 é o somatório das sobras dos dois primeiros documentários, exibindo pouca relevância dentro do conjunto. Diferentemente dos predecessores, ele sequer funciona como potente veículo de denúncia, principalmente por conta da falta de expedientes que deem conta de montar um painel consistente. Eduardo Chauveu pula de uma análise à próxima, sem ao menos conferir tempo suficiente para que a humanidade em discussão seja protagonista. Seguindo em desabalada carreira, ele passa superficialmente pelo drama das mães, toca levemente nos preconceitos atrelados à maternidade, resvala na deflagração de uma estrutura médica avessa às novidades, mas fracassa ao não investir em aprofundamentos. É uma coletânea de momentos outrora não aproveitados, cerzidos frouxamente para gerar apenas o inusitado.
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