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Crítica


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Sinopse

Após fazer retiro em um mosteiro na China, o agente Johnny English recebe a missão de proteger o primeiro ministro-chinês de uma conspiração envolvendo assassinos internacionais. Com novas técnicas que aprendeu com monges chineses, e com seu jeito atrapalhado, vai fazer de tudo para evitar um caos global.

Crítica

O humor do ator inglês Rowan Atkinson é do tipo ame ou odeie. Ou você morre de rir com o personagem Mr. Bean ou acha aquilo a coisa mais idiota do mundo. Crianças, principalmente, acostumadas a assisti-lo em esquetes cômicos televisivos ou mesmo em desenhos animados, geralmente dão boas risadas. Mas não muito mais do que isso, pois é passageiro e, independente das diferentes tramas em que se envolve, o que persiste mesmo é o humor físico do protagonista. Exatamente o que acontece em O Retorno de Johnny English, continuação tardia do longa com o segundo personagem mais popular de Atkinson, uma paródia de James Bond sem noção, nem estilo, que é dotado dos mesmos cacoetes e esquisitices de Bean. Ou seja, é exatamente aquilo que Rowan Atkinson sabe fazer. E a recepção, portanto, depende do quanto o espectador admirar o estilo de comédia do astro.

Quem não assistiu ao primeiro Johnny English (2003), não deve se preocupar, pois tal sacrifício não chega a ser necessário para encarar essa continuação. Afinal, o receio de “ficar perdido e não entender nada” não se confirma. Afinal, oito anos separam um filme do outro, e esse segundo só existe no rastro do alarde que o ator causou ao anunciar que deixaria de interpretar Mr. Bean. Sem recorrer à sua criação mais famosa, resta resgatar alternativas como essa. E o que temos é exatamente isso: uma variação do mesmo tema. Se Bean era um atrapalhado inocente de alcance caseiro, English, por sua vez, é um agente secreto com potencial para causar tragédias internacionais.

No começo da nova trama ele está em descrédito, exilado do trabalho e sem função prática. Porém há uma conspiração em desenvolvimento, e um informante com dados preciosos afirma revelar a verdade apenas à English, o que obriga o Serviço Secreto a chamá-lo de volta. E quando na ativa novamente, retoma as mesmas trapalhadas que faziam graça nos tempos dos Trapalhões, mas que hoje soam deslocadas e envelhecidas. E assim como o inspetor Clouseau de A Pantera Cor-de-Rosa (1963/2006), acaba acertando na mira mesmo sem a mínima noção para onde deveria apontar. Aliás, Johnny English nada mais é do que uma cópia genérica do personagem clássico interpretado por Peter Sellers em sua versão original, e recriado por Steve Martin nas refilmagens mais recentes.

A despeito de qualquer bobagem vista em cena, O Retorno de Johnny English chama ao menos alguma atenção pelos créditos que apresenta: Oliver Parker na direção e Dominic West, Gillian Anderson (Arquivo X: Eu Quero Acreditar, 2008), Rosamund Pike e até Daniel Kaluuya, entre outros, como coadjuvantes. Parker, acostumado a adaptações de textos referenciados de Shakespeare e Oscar Wilde, como Othello (1995) e O Retrato de Dorian Gray (2009), atinge aqui a maior bilheteria de sua carreira realizando algo completamente distante do que estava acostumado. Um preço baixo para a fama? É o que ele e todos os demais do elenco devem ter pensado quando aceitaram. E se ao menos agora podem contar com um sucesso de público, da crítica eles não poderiam estar mais distantes.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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Grade crítica

CríticoNota
Robledo Milani
3
Roberto Cunha
8
MÉDIA
5.5

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