Crítica
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Sinopse
Jack Twist e Ennis Del Mar são dois jovens que se conhecem no verão de 1963, após serem contratados para cuidar das ovelhas de Joe Aguirre em Brokeback Mountain. Jack deseja ser cowboy e está trabalhando no local pelo segundo ano seguido, enquanto que Ennis pretende se casar com Alma tão logo termine a temporada. Vivendo isolados por semanas, se tornam cada vez mais amigos e iniciam um relacionamento amoroso. Ao término do trabalho, cada um segue sua vida, mas o período que passaram juntos irá marcar suas vidas para sempre.
Crítica
Apontado como o 'grande favorito ao Oscar 2006', nominado em oito categorias, entre elas Filme, Direção e Roteiro Adaptado, campeão de indicações e principal vencedor do Globo de Ouro, premiado nas categorias de Melhor Filme (Drama), Direção (Ang Lee), Roteiro e Canção Original, vencedor do Leão de Ouro de Melhor Filme no Festival de Veneza, e outros mais quarenta prêmios e outras dezenas de indicações: assim foi o impacto de O Segredo de Brokeback Mountain desde o seu lançamento, no final de 2006. E o público respondeu à altura – o faturamento só nos Estados Unidos ultrapassou em mais de cinco vezes o orçamento de US$ 14 milhões, baixíssimo para os padrões hollywoodianos. E depois de tudo isso, ‘a pergunta que não quer calar’: o filme justifica todo este estardalhaço? Certamente, e com sobra.
Pra quem não sabe, um resumo básico da trama: dois vaqueiros, Ennis Del Mar (um impressionante Heath Ledger, que aqui em nada lembra os tempos adolescentes de 10 Coisas que Odeio em Você, 1999) e Jack Twist (um ainda superior Jake Gyllenhaal, que se entrega com uma intensidade singular) são mandados para a Montanha Brokeback para uma temporada cuidando de um rebanho de ovelhas. Ambos nos seus vinte e poucos anos, começando a vida adulta, acabam se apaixonam um pelo outro. A relação, a princípio meramente sexual, logo se transforma em carinho, solidariedade e amor. Porém estamos nos anos 60 do século passado, e o local é o interior do estado de Wyoming, região e tempo marcado pelo conservadorismo. O que significa que a vida não seria nada fácil para um casal homossexual. Por isso os dois se afastam quando o trabalho termina, indo cada um para um lado com a intenção de construir uma vida “normal”: com esposa, filhos, trabalho, muito tédio e insatisfação. Ambos tentam manter submersos os verdadeiros sentimentos que permeiam suas vidas, mas não são bem-sucedidos. Após alguns anos, o destino trata de colocá-los novamente lado a lado, para juntos construírem uma história tão íntima quanto universal.
Esta deve ser a primeira ideia a se ter a respeito de O Segredo de Brokeback Mountain: este não é um filme gay, simplesmente. Seu contexto é muito mais amplo e complexo. Trata-se um romance proibido, acima de tudo, com tudo de bom e triste que esta expressão possa compreender. São duas pessoas apaixonadas uma pela outra e que pela condição em que se encontram se vêem impossibilitadas de ficarem juntas. Poderia ser uma questão racial, de idade, religiosa ou familiar, como tantas outras ocasiões o cinema tão bem tratou de mostrar no passado. Mas não, o foco desta vez é o sexo – no caso dois homens, completamente entregues um ao outro, no amor, na raiva, no sentimento de injustiça e na sensação de não saber qual o melhor rumo tomar. Não que eles não tentem – todos sempre tentam – mas o mundo lá fora é mais forte, ao menos na maior parte do tempo.
Tinha tudo para dar errado. O diretor poderia não ter a sensibilidade suficiente para lidar com o drama que tinha em mãos. O roteiro – baseado no texto de Annie Proulx – poderia abusar da ocasião e explorar outros ângulos mais rasos e menos nobres. Os atores envolvidos talvez não fossem dignos da tarefa a qual foram incumbidos, dotados dos mesmos receios que os personagens vivenciam na ficção. Ou, pior ainda, talvez o próprio mundo – a sociedade, a mídia, a indústria cultural – não estivesse pronto para se deparar com algo aparentemente tão explosivo e polêmico. Felizmente, no entanto, nenhuma destas percepções se confirmou. E o que vemos é um filme romântico, sim, mas que trata de temas identificáveis por qualquer audiência, não importando o sexo, a idade, o credo ou a ideologia do espectador. O necessário, aqui, é se despir de preconceitos e julgamentos cegos e se deixar abrir para uma realidade que nada tem de estranha ou exótica – muito pelo contrário, é, sim, basicamente, comum a mim, a você e a qualquer um de nós. A mensagem de O Segredo de Brokeback Mountain é o puro e verdadeiro amor, contado com extrema competência por todos os envolvidos, assumido com coragem pelos talentos responsáveis e entregue com paixão à vida.
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Não tem como não ser tocado por esse filme. A atmosfera é claustrofóbica, vc sente a opressão que aflige as personagens da mesma forma que os espectadores e o único refúgio de liberdade e alegria são os encontros efémeros mais eternos dos dois...quando a ultima cena termina, a coisa são sai da cabeça e vc sente toda a carga emocional dessa situação tão densa...um dos filmes mais arrebatadores que ja vi...