Crítica
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Sinopse
Depois de chegar à casa do avô no interior de Minas Gerais, Ângelo encontra um baú cheio de moedas e um enigma supostamente deixado por um padre há 200 anos. Ele embarca numa aventura para encontrar um tesouro.
Crítica
É impossível não sentir a candura que o último filme de Helvécio Ratton emana. Nada mais estranho, claro, àqueles que tem o diretor mineiro preso à memória como o responsável por encenar as agruras do período militar brasileiro no muito bom Batismo de Sangue (2006). Vale lembrá-los, contudo, que a carreira de Ratton tem sido construída exatamente na alternância inusitada desses momentos díspares.
Logo ao estrear no cinema, a denúncia da situação dos hospícios foi o tema escolhido, a partir das filmagens em Barbacena, para o documentário Em Nome da Razão (1979). Quando voltou às telas para o segundo trabalho, o mundo infantil já surgia como pauta em A Dança dos Bonecos (1986), e se concretizava em seguida, ao encantar o público com a deliciosa adaptação do mundo criado por Ziraldo, em Menino Maluquinho: O Filme (1994). O resultado da fluidez e naturalidade com que Ratton transita entre mundos tão diferentes o destaca como um dos realizadores mais flexíveis do cinema nacional, provando que o mais importante é não se comprometer com rótulos ou gêneros, mas com ideias de qualidade. O Segredo dos Diamantes é uma aventura que tem início quando a família de Angelo, o nosso herói, se envolve em um acidente de carro. De um modo súbito, o roteiro simples, esquemático - mas bastante funcional -, de LG Bayão justapõe a relação amistosa entre espectadores e personagens, construída nos minutos iniciais, à fatalidade. Em menos de segundos, nos sentimos impelidos a compartilhar as agruras da mesma forma que, antes, aceitamos compartilhar o amor.
Precisando entregar o pai aos cuidados de um hospital melhor equipado, o tio e a avó de Angelo, responsáveis por cuidar do garoto durante a internação dos pais, se deparam com a falta de dinheiro para a transferência médica. A angústia de ter de abrir mão da vida de alguém querido pela falta de dinheiro é tamanha que, mesmo que queiram, não conseguem esconder a realidade do jovem. Assim, quando uma lenda sobre diamantes perdidos volta a circular na cidade, Angelo não tem dúvida de que a notícia é um sinal e encontrá-los torna-se um dever. Juntam-se à empreitada a antiga amiga Julia (Rachel Pimentel) e Carlinhos (Alberto Gouvea). Partes importantes a representar dois pontos cruciais do imaginário infantil (o primeiro amor e o melhor amigo), o trio é uma aposta muito bem realizada em atores estreantes. Se isso significa por vezes esbarrar em diálogos ligeiramente artificiais, presos a um ritmo que denuncia o treino enfatizado na memorização – e não na naturalidade – das falas, o que salta aos olhos, portanto merece destaque, é a grata surpresa do visível potencial dos três jovens, que tiveram os seus mais altos momentos em tela pela interpretação segura de Gouvea.
Na questão técnica, Ratton retoma a parceria de Batismo ao chamar Lauro Escorel (Bye Bye Brasil, 1980) e Adrian Cooper (Capitães da Areia, 2011) para as direções de fotografia e arte, respectivamente. O trio – este extremamente experiente, diferentemente dos atores – dá uma unidade bastante interessante. O amarelo, em especial nos dois primeiros atos, e o azul, no ato final, se alternam como os tons majoritários do longa. A escolha pode não ser sofisticada, mas resulta em inegável comunhão à ingenuidade e pureza que o filme transmite cena após cena. Não há dúvidas de que O Segredo dos Diamantes tem no público infanto-juvenil o seu alvo. No entanto, a singeleza com que a história segue deve angariar o interesse de muitos adultos ainda sensíveis aos momentos passados frente à televisão, nas tardes livres do colégio. Para estes, o reencontro é ainda mais afetivo, pois Ângelo, Júlia e Carlinhos significam uma espécie de mundo perdido, mais doce e natural, apenas a espera de algo que o desperte.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Willian Silveira | 6 |
Alysson Oliveira | 6 |
MÉDIA | 6 |
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