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Sinopse

Refugiado europeu, Viktor Navorski acaba ficando retido num terminal do aeroporto de Nova Iorque. Sua cidade é eliminada do mapa e, portanto, seus documentos são invalidados. O que o obriga a morar no próprio terminal.

Crítica

Que decepção! Como podemos ficar tão desiludidos diante o novo trabalho da dupla Steven Spielberg e Tom Hanks, que já nos ofereceu antes o perturbador O Resgate do Soldado Ryan (1998) e o divertido Prenda-me se for capaz (2002)? Spielberg, principalmente, nunca antes pode ser considerado um realizador irrelevante. Mas é justamente essa a impressão que terá aquele que começar a conhecer (será isso possível?) sua obra através deste O Terminal, certamente um dos menos ambiciosos de sua carreira.

Os problemas começam com o roteiro, composto mais a partir de uma ideia do que de uma trama fortemente constituída. É impressionante constatar como uma história baseada em fatos reais pode parecer ser tão inverossímil. Em O Terminal temos um protagonista simplesmente atirado em um ambiente e reagindo ao mesmo, sem muita relação entre um incidente e outro. Hanks é Viktor Navorski, um visitante de um país do leste europeu que, ao chegar no aeroporto JFK, em Nova York, acaba se encontrando numa curiosa situação: como uma guerra começou em sua nação de origem, seu passaporte deixou de valer, assim como o seu visto de entrada nos Estados Unidos. Assim, não pode nem voltar para a terra natal, nem seguir em frente em sua viagem pela América. Seu destino será ficar confinado ao terminal do aeroporto, pois, como afirma o diretor do local, ele “caiu numa falha do sistema”, e até que uma nova ordem diplomática seja estabelecida, nada poderá fazer.

A partir do momento em que essa situação esteja definida, mais nada de realmente interessante acontece no filme. Hanks ficará perambulando pelo terminal durante todo o resto da ação, enquanto se confronta com personagens-satélite (como o faxineiro, a atendente, o garoto da alimentação), que não possuem significado algum na trama além de servirem como meio de interação para o protagonista. Seus dramas não possuem relevância, e assim como assumem destaque no enredo logo são esquecidos em soluções fáceis. Um pouco mais relevante tem o embate entre Hanks e Stanley Tucci, como o diretor, único antagonista, verdadeiro entrave na liberação de Viktor, e na aparente atração que surge entre visitante e uma aeromoça (óbvio), interpretada por Catherine Zeta-Jones, cada vez mais bela, mas num empenho apático e, por vezes, constrangedor.

O Terminal era para ser um comédia de costumes, um drama romântico e uma crítica ao “sonho americano”, e no final não se posiciona em nenhum desses caminhos, ficando no meio termo em relação a qualquer um deles. Uma obra indefinida, que não mereceria a assinatura de um dos maiores cineastas contemporâneos. É um filme fraco, conduzido de mão frouxa e sem vigor, que merece alguma atenção apenas pelo desempenho de Hanks, que não decepciona, e pelo absurdo – e convincente – cenário, que recriou com perfeição, totalmente em estúdio, um aeroporto real. Fora isso, o que nos resta é um grande equívoco, previsível, antiquado e nada original. Uma mancha que merece nada mais do que o esquecimento.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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