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Crítica


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Sinopse

Numa Era de deuses e espíritos vagando entre os humanos, dois guerreiros estão em busca de uma espada roubada. Nessa jornada, ambos cruzam o caminho de uma jovem habilidosa que enfrenta momentos decisivos.

Crítica

Épico de artes marciais, O Tigre e o Dragão é uma obra que discute tradições milenares e suas injustiças através do drama de duas mulheres que em suas suas ações mais simples procuram a libertação de suas almas dos paradigmas milenares. O longa foi responsável por propagar entre o grande público ocidental o gênero de filmes de artes marciais executado no Oriente, popularizando um estilo há muito adorado no outro hemisfério mundial.

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O filme de Ang Lee apresenta um roteiro coeso, simples e ao mesmo tempo profundo em questões de igualdade. A história é contada através da vivência de Yu Chu Lien (Michelle Yeoh), que logo em seu início é apresentada a Li Mu Bai (Chow Yun-Fat), um antigo amigo da família de Li, que procura Sir Te (Lung Sihung) para entregar-lhe a espada verde, artefato bélico de 400 anos que esteve em posse do guerreiro por muito tempo. Ao dá-la ao mestre, Lien conhece Jen (Zanghi Ziyi), uma moça prestes a casar e que não vê com bons olhos esta mudança, exatamente por perceber que jamais poderá ser ela mesma após contrair matrimônio. Tanto Lien quanto Jen buscam uma vida de aventuras, e seus destinos não se cruzam por acaso. Seus encontro posteriores envolvem lutas, repletas de arame fu, fugas escapista e belas coreografias de combate, aspectos que podem ser estranhos aos olhos do espectador ocidental ainda não acostumado com o cinema de artes marciais normalmente realizado em Hong Kong.

A história e estética da fita foram muito bem aceitas pela crítica de cinema mundial. A própria Academia entregou prêmios a Jian-Quo Wang pela direção de arte, que reproduz toda a essência da época da Dinastia Ching, amplificada em qualidade pela preciosa fotografia de Peter Pau, que faz todas os embates se tornarem ainda mais significativos. O argumento, baseado no livro de Wang Du Lu, é bem simples em termos de trama, apesar de apelar para questões flagrantes e representativas em uma mídia tão importante como o cinema. A mensagem mais cara dentro do texto certamente é a filosofia dos guerreiros em tentar atingir uma elevação mental e espiritual que os faça fugir dos ditames reais, manifestada através da leveza do andar, fazendo os personagens principais desafiar as leis físicas ao levitar em pleno ar, pavimentando seu caminho por um lugar sem solo, terra ou base. Esse arcabouço é exibido sem a tola preocupação de explicar de modo tatibitati este processo de evolução, além de mostrar uma história com pouquíssimo apego aos personagens cujo background é riquíssimo, indicando que até valorosos “heróis” podem perecer diante de situações comuns, emulando a vida em suas consequências mais cruéis.

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O Tigre e o Dragão usa da fábula para remontar um tempo longínquo, ainda que não tenha qualquer receio em reproduzir também a modernidade em suas sub-tramas. A construção de cenários beira o irrepreensível, elevando a obra a um patamar lírico impressionante. O desfecho reinventa a melancolia através de cenas belas, com sacrifícios forçados e voluntários por parte de personagens distintos, que ao serem analisados em conjunto formam um quadro de melancolia poética muito bonito, servindo de contraponto a não sutileza vista no cinema de ação norte-americano, além de primar pela sensibilidade e técnica ao dar a luz a uma trama de amores jamais concebidos, sem apelar para qualquer espectro de pieguice ou redundância emocional.

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é Jornalista, Escritor e Editor do site Vortex Cultural (www.vortexcultural.com.br). Quer salvar o mundo, desde que não demore muito e é apaixonado por Cinema, Literatura, Mulheres, Rock and Roll e Psicanalise, não necessariamente nessa ordem.
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