Crítica
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Sinopse
O concerto derradeiro da banda canadense The Band. Poderia ser apenas um show de despedida, mas a ocasião tomando proporções muito maiores, se transformando numa celebração.
Crítica
Ao longo de todos os seus anos de estrada (que oficialmente durou de 1958 a 1999), a The Band conseguiu ficar conhecida como uma das maiores bandas de rock da história, tendo ainda tocado com alguns dos artistas mais respeitados da indústria fonográfica. Em 1976, a formação original do grupo (o guitarrista Robbie Robertson, o baterista Levon Helm, o baixista Rick Danko, o pianista Richard Manuel e o tecladista Garth Hudson) veio a fazer seu último show. A apresentação ficou conhecida como “The Last Waltz” (“A Última Valsa”) e rendeu nas mãos de Martin Scorsese este O Último Concerto de Rock, que ostenta até hoje a fama de ser um dos melhores documentários de música já realizados.
Desde o início, Scorsese parece estar empenhado a fazer seu espectador ter uma bela experiência durante o filme. É interessante notar, por exemplo, quando ele filma o caminho percorrido por um carro até a Winterland Ballroom (local da apresentação), usando a câmera como uma maneira de levar seu público para lá. Além disso, Scorsese mantém a câmera muitas vezes próxima da banda durante o show, como se ele estivesse nos dando alguns dos melhores lugares do espetáculo (mas há de se reconhecer que assistir aquilo ao vivo deve ter sido algo incomparável).
Intercalando as apresentações da The Band no show com entrevistas feitas com seus membros, Scorsese faz com que O Último Concerto de Rock consiga contar um pouco da história daqueles artistas ao mesmo tempo em que capta com brilhantismo um evento memorável, que contou com vários convidados especiais. Quando Robbie Robertson chama Ronnie Hawkins para o palco, por exemplo, o diretor corta imediatamente para um depoimento do guitarrista falando um pouco da importância que aquele músico teve na carreira do grupo. Aliás, muitos dos depoimentos dos membros da The Band consistem em pequenas histórias que aconteceram com eles e que são contadas sempre com muito bom humor, o que indica que por mais que a banda esteja se separando (ao menos por enquanto, já que a maioria deles se reuniria para novos discos e turnês anos mais tarde) as viagens que fizeram juntos certamente renderam boas lembranças.
Sendo o diretor talentoso que sempre foi, é interessante o cuidado que Scorsese tem na hora de filmar certos momentos, principalmente quando a The Band toca uma de suas músicas mais famosas, “The Weight”, ao lado do The Staple Singers, com as estrofes sendo cantadas por membros diferentes de cada grupo (cada um representando o protagonista da canção) enquanto o refrão é cantado por todos. Para completar, um show, assim como boa parte dos documentários, é algo no qual os envolvidos não têm controle total quanto ao que acontecerá, e coisas que não estavam planejadas podem ocorrer. Dessa forma, é bom ver um momento específico em que o convidado Eric Clapton começa a tocar sua guitarra, mas a alça do instrumento acaba se soltando, fazendo Robbie Robertson improvisar um solo até que o pequeno problema seja resolvido. E Scorsese parece fazer questão de incluir essa parte no filme, mostrando que todos ali estão em perfeita sintonia.
Mas mais do que um documentário sobre a The Band e seu último show, O Último Concerto de Rock acaba sendo uma verdadeira celebração da música. Não é à toa que figuras como Bob Dylan, Neil Young, Neil Diamond, Van Morrison e outros foram chamados para tocar ao lado da banda. O amor que todos eles nutrem por aquilo que fazem fica muito claro quando estão no palco, e nesse sentido é bacana ver a gratidão que Neil Young tem por ter sido convidado para uma noite como aquela. E o final da apresentação, que traz a The Band e seus convidados cantando a bela “I Shall Be Released”, é sem dúvida um dos melhores momentos do filme.
Martin Scorsese é mais lembrado por seus filmes de ficção, mas em O Último Concerto de Rock ele faz um de seus melhores trabalhos. E é difícil não se tornar fã da The Band quando se assiste a esse filme.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Thomas Boeira | 10 |
Chico Fireman | 7 |
Bianca Zasso | 10 |
MÉDIA | 9 |
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