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Sinopse

Li Cunxin sai de uma aldeia chinesa para estudar balé em Pequim. Aos 11 anos, ele consegue sobressair e, adiante, entrar na Companhia Houston Ballet durante um intercâmbio cultural no Texas, onde começa uma vida nova e livre.  

Crítica

A vida do bailarino Li Cunxin é, de fato, fantástica. Pena, no entanto, que ela tenha sido adaptada para o cinema num formato tão convencional e enfadonho. O filme O Último Dançarino de Mao não apresenta absolutamente nada de novo, seja no formato cinebiografia, seja aos interessados em conhecer a trajetória do artista que teve que fugir da China comunista e se refugiar nos Estados Unidos para poder, de fato, explorar seu talento e obter um reconhecimento mundial. Li Cunxin pode ser único, mas o que vemos aqui é igual a muitos outros exemplos similares já retratados anteriormente.

Baseado na autobiografia do próprio Li Cunxin, O Último Dançarino de Mao mostra o que lhe aconteceu desde o momento em que foi escolhido, da pequena vila em que morava com a família no interior da China, para frequentar a prestigiosa Escola de Dança Madame Mao, em Pequim. Ainda criança, foi privado do convívio com a família e passou a viver numa rotina de muito esforço, dedicação e intensa cobrança, visando o máximo desenvolvimento de sua arte. Já adulto, é escolhido para representar a República Popular da China e os ideais comunistas em um intercâmbio nos Estados Unidos. O que acontece é bastante previsível: se no início tudo era estranho e assustador, logo ele se encanta pelas facilidades e pela liberdade de uma sociedade ocidental, chegando ao ponto de se recusar a voltar à sua terra natal. O problema é que essa mudança é brusca e imediata, sem sutilezas, apostando em exemplos bastante clichês.

O maior conflito que o filme apresenta se dá neste momento. Os dirigentes do Partido exigem seu retorno, mas o dançarino, para evitar sua volta, toma uma atitude drástica: casa-se com uma namorada de poucas semanas, o que lhe oferece uma cidadania norte-americana. Uma tensão diplomática chega a ser esboçada, mas tudo é resolvido rapidamente. Nem mesmo o único pesar – ele fica proibido de regressar posteriormente à China e de ver sua família – chega a ser tão inconveniente, pois é resolvido numa climática – e óbvia – cena final.

Dirigido por Bruce Beresford, indicado ao Oscar por A Força do Carinho (1983) e responsável pelo premiado como Melhor Filme Conduzindo Miss Daisy (1989), O Último Dançarino de Mao parece mais um telefilme, daquele tipo tão frequente na Sessão da Tarde, do que um trabalho sério e comprometido. O protagonista é convincente (Chi Cao, em sua primeira experiência na tela grande), os coadjuvantes são OK (com destaque para Bruce Greenwood, um ator que geralmente faz tipo enérgicos e viris, como o presidente Kennedy de Treze Dias que Abalaram o Mundo, 2000, aqui aparecendo como o diretor do balé de Houston, um tipo homossexual, porém sem grandes afetações, numa composição bastante verossímil) e as cenas de dança são realmente deslumbrantes. Mas é pouco diante uma história que prometia muito mais.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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