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Sinopse

Um garoto faz amizade com um funcionário de um parque aquático enquanto passa conturbadas férias com a família. Menosprezado pelo namorado da mãe, ele vai ganhar um mentor e recuperar boa parte da autoestima.

Crítica

Trent - "Numa escala de um a dez, como você se classificaria?"
Duncan - "Eu não sei, um seis."
Trent - "Eu acho que você é um três".

O diálogo entre padrasto e enteado numa viagem de carro abre O Verão da Minha Vida e resume bem o que vai acontecer nos próximos 100 minutos de filme: o embate entre os dois que vai gerar uma série de mudanças na vida de ambos e, especialmente, o amadurecimento precoce do garoto. Primeiro filme dirigido por Nat Faxon e Jim Rash, vencedores do Oscar de Roteiro Adaptado por Os Descendentes (2011), o longa é uma bem-vinda surpresa nesta temporada morna de lançamentos nos cinemas.

É verão e Duncan (Liam James), um adolescente de 14 anos, viaja com o padrasto Trent (Steve Carell), a mãe (Toni Collette) e meia-irmã para o litoral. Recluso, introspectivo, o garoto não vê o pai há tempos e está sempre em conflito com o jeito mandão de Trent. Ao mesmo tempo, sua mãe parece submissa a este comportamento. O refúgio, além da bela vizinha Susana (AnnaSophia Robb, protagonista do seriado The Carrie Diaries) é o parque aquático da região, cujo dono é o excêntrico Owen (Sam Rockwell, em atuação hipnotizante). A partir a inusitada amizade entre os dois que as situações começam a mudar para o garoto.

O roteiro de Faxon e Rash (que, por sinal, também interpretam funcionários tresloucados e cativantes do parque aquático) dá voz a todos os seus personagens, conferindo várias camadas para cada um. Isto vale inclusive para a vizinha enlouquecida feita por Allison Janney, que não aparece tanto tempo em tela e é um dos alívios cômicos. Liam James, o protagonista, passa ao espectador suas emoções de forma interessante, amadurecendo junto com seu personagem. Porém, os grandes destaques são Carell, num papel canalha que foge dos seus habituais "bananas", e, especialmente, Rockwell. Seu Owen é, ao mesmo tempo, divertido e sensível, e a maioria de suas falas parecem vir de outro planeta (especialmente quando em cena com a sempre ótima Maya Rudolph). Porém, dentro de sua loucura, ele parece existir não apenas naquela realidade, mas também além das câmeras. Uma atuação que merece prêmios.

Apesar de ignorar o título original (The Way Way Back, que na tradução seria apenas O Caminho de Volta), o título O Verão da Minha Vida trata de questões que realmente remetem à mudança e amadurecimento de seus personagens principais neste delimitado período de tempo. E a cena final, que remete à primeira, mas com algumas posições invertidas, acaba por ser um dos mais simples e, ao mesmo tempo, geniais desfechos do cinema neste ano. Uma forma sutil de dizer que tudo acabará bem - mesmo que não pareça. Assim como na vida de cá da tela.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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