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Sinopse

O piloto Whisp Whitaker consegue salvar centenas de passageiros quando o motor de um avião apresenta problemas. Mas, a entidade nacional de aviação encontra sinais de abuso de álcool e drogas em seu exame de sangue.

Crítica

Steven Spielberg, James Cameron e Peter Jackson são cineastas tão ligados aos filmes que dirigem quanto à tecnologia que propicia a realização dos mesmos.  Robert Zemeckis tem a mesma postura: aprecia tanto o conteúdo quanto a técnica de suas produções. Em mais de 30 anos de carreira, ele realizou obras que exploram efeitos visuais impressionantes, como a aclamada saga De Volta Para o Futuro, Uma Cilada Para Roger Rabbit (1988) e A Morte lhe Cai Bem (1992). Igualmente aplicado à significância de seus filmes, Zemeckis também assinou obras densas, como Forrest Gump: O Contador de Histórias (1994), pelo qual foi premiado com o Oscar de Melhor Diretor, Náufrago (2000), e agora O Voo (2012), que resgata sua delicadeza e competência na condução de dramas humanos profundos.

Afinado também com o suspense, como bem demonstrou em Contato (1997) e no infelizmente subestimado Revelação (2000), Zemeckis apresenta em seu mais novo filme uma introdução incrivelmente tensa, que dá conta de um desastre aéreo como não se via desde o excepcional Voo United 93 (2006), de Paul Greengrass. Considerado um herói nacional por salvar a grande maioria dos passageiros, o piloto Whip Whitaker, interpretado magistralmente por Denzel Washington, têm suas honrarias bruscamente ignoradas com o início de uma investigação sobre o acidente, que pode revelar que na ocasião ele estava sob o efeito de álcool e drogas.

No decorrer de O Voo, percebe-se que o mesmo possui três atos tão distintos quanto bem amarrados. Após a introdução com a queda do avião, o desenvolvimento dramático do filme ganha tempo suficiente para que pequenas arestas sobre Whip sejam aparadas, abrindo espaço para as resoluções num elaborado ato final. Indicado ao Oscar e ao Prêmio do Sindicato dos Roteiristas, o texto de John Gatins é fluído e sustenta muito bem a longa duração do filme. Reconhecido por seu trabalho nos dramas esportivos Hardball: O Jogo da Vida (2001) e Coach Carter: Treino Para Vida (2005), Gatins ganhou a confiança de  Robert Zemeckis após roteirizar Gigantes de Aço (2011), que tem produção do segundo. Ainda apegado a artifícios excessivamente sentimentais, Gatins concede injustificadamente muito espaço à personagem de Kelly Reilly, Nicole, que não tem muito a acrescentar ao todo. Tal persistência soa como a principal incoerência de um roteiro que poderia ser irretocável.

Por tornar consistente um novo filme com temas já muito explorados pelo cinema – acidente aéreo e alcoolismo –  Robert Zemeckis e seu O Voo merecem atenção extra. Sobre a segunda temática em particular, há muito tempo uma obra cinematográfica não tratava com tamanha maturidade questões tão delicadas. Considerando o premiável desempenho de Denzel Washington e o roteiro de John Gatins, ecos de Farrapo Humano (1945), de Billy Wilder, e da atuação de Ray Milland no mesmo filme, parecem possíveis inspirações. Ainda sobre o elenco, além da justamente reconhecida performance de Washington, coadjuvantes de luxo propiciam presenças marcantes, entre eles Don Cheadle, John Goodman, Bruce Greenwood e Melissa Leo.

Zemeckis passou a última década pesquisando e realizando a partir da técnica de motion capture (captura de movimentos), o que resultou em filmes como A Lenda de Beowulf (2007) e Os Fantasmas de Scrooge (2009). Foi necessário o fracasso colossal da produção por ele assinada Marte Precisa de Mães (2011), tanto em crítica quanto nas bilheterias, para que o cineasta retornasse aos filmes tidos como “convencionais”. O Voo custou pouco mais de US$ 30 milhões e já arrecadou mais que o triplo do valor para os cofres da Paramount, além de ter conquistado indicações a prêmios de destaque. Que tais experiências entusiasmem o cineasta a dar menor importância às pirotecnias visuais em detrimento de um cinema mais relevante, como o apresentado em O Voo, que o mesmo já provou saber fazer.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Graduado em Publicidade e Propaganda, coordena a Unidade de Cinema e Vídeo de Caxias do Sul, programa a Sala de Cinema Ulysses Geremia e integra a Comissão de Cinema e Vídeo do Financiarte.
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