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Sinopse

Preso após uma bebedeira, Oh Dae-su sofre um apagão ao sair da cadeia, acordando no espaço em que fica encarcerado por 15 anos. Tão logo ele consiga escapar, a vingança ditará o rumo de sua caminhada de volta.

Crítica

Um filme intrigante e revolucionário. Assim pode ser descrito, sem o menor medo de soar exagerado, Oldboy, uma rara produção sul-coreana a ter chegado ao circuito comercial brasileiro. Com um trama muito bem desenhada, reviravoltas consistentes e relevantes e um enredo que consegue dar nós – e o melhor, desatá-los posteriormente – pertinentes, este thriller é tudo o que poucos cineastas hollywoodianos, como David Fincher, David Cronenberg e David Lynch, costumam atingir em suas obras: misterioso, agitador, e o melhor de tudo, absurdamente humano.

Dirigido e escrito por Park Chan-wook, Oldboy recebeu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes em 2004, além de ter sido premiado em diversos outros festivais ao redor do mundo, como em Estocolmo (Suécia), Hong Kong, Grand Bell (Coréia do Sul), Catalunha (Espanha), Bergen (Noruega), Bangkok (Tailândia) e eleito o Melhor Filme Estrangeiro segundo o British IndependentFilmAwards. E esta aceitação geral só se explica pela excelência do trabalho apresentado e pela universalidade dos temas abordados, que vão desde a simples vingança até o mais emocionante história de amor.

Baseado em um mangá japonês – espécie de história em quadrinhos – Oldboy é o segundo episódio da Trilogia da Vingança idealizada pelo diretor, iniciada com Mr. Vingança (2002) e encerrada com Lady Vingança (2005). Este capítulo do meio, no entanto, é o mais bem sucedido dos três, e pode muito bem ser visto independente dos demais, pois seu enredo é calculadamente bem construído em si só. Aqui, nada é poupado pelo personagem principal para que ele atinja seus objetivos: violência, morte, absurdos e tragédias, tudo faz parte das ações que se desencadeiam continuamente durante a trama. E acreditem: por mais improváveis que essas possam parecer, acabam fazendo perfeito sentido.

Um homem é sequestrado e mantido preso num quarto de hotel barato por cerca de quinze anos, sem ter conhecimento da razão por trás desta atitude. Quando é solto, recebe roupas novas e dinheiro. Com um novo mundo ao seu redor, parte em busca de respostas: quem é, o que aconteceu com sua família, por que lhe fizeram isso, quem seria o responsável por aquela barbárie. Nesta trajetória rumo ao inferno, ele terá como companhia apenas uma atendente de um restaurante, o único alento de normalidade dentro do caos em que se encontra.

Na medida em que as respostas vão aparecendo, Oldboy se torna ainda mais assustador e interessante. Perturbador, instigante e bastante original, este é um filme que não só questiona nossa passividade enquanto espectador como ainda eleva a discussão da narrativa apresentada, colocando-a num nível acima de pretensões e méritos. Necessário não só àqueles que sabem apreciar um bom filme, como recomendado também a todos os curiosos e estudiosos do gênero. Trata-se, portanto, de mais do que uma aula de cinema: é uma verdadeira escola!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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