Onde Está Você, João Gilberto?
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Georges Gachot
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Onde Está Você, João Gilberto?
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2018
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Alemanha / Suiça / França / Brasil
Crítica
Leitores
Sinopse
Georges Gachot desembarca no Rio de Janeiro em busca de João Gilberto. Seguindo os passos do escritor alemão Marc Fischer, não mede esforços e entra em contato com diversos amigos e parceiros do músico em sua jornada.
Crítica
Onde Está Você, João Gilberto? é resultado da soma de duas obsessões. A primeira delas, a do precocemente falecido escritor alemão Marc Fischer, autor do livro HO-BA-LA-LÁ – À Procura de João Gilberto, que tentou de todas as maneiras encontrar o inventor da Bossa Nova. A segunda, a de Georges Gachot, cineasta francês que já demonstrara considerável admiração pela música brasileira – é dele o documentário O Samba (2014). A missão praticamente impossível que ambos comungam, embora afastados física e temporalmente, é tomar um contato, por mínimo que seja, com João Gilberto, famoso tanto por sua contribuição artística maiúscula quanto por sua reclusão. O realizador se vale dos escritos de uma maneira didático-afetiva, pois, ao mesmo tempo, os utiliza como um valioso guia em seu próprio processo investigativo, mas gradativamente se relaciona com o autor morto, espelhando sua caminhada pelas poucas e inconsistentes pistas que o cantor e compositor deixa acerca de seu paradeiro.
Aliás, o processo de Onde Está Você, João Gilberto? parte de uma interlocução com a brasileira que outrora auxiliou Marc a fazer contatos no Rio de Janeiro. Raquel, apelidada Watson por Marc que, então, referia-se a si como Sherlock, relembra momentos da pesquisa, a forma apaixonada como o alemão se colocava à disposição da tarefa assumida. Aos poucos, Georges se apropria, sorvendo experiências precedentes que podem ser importantes na sua averiguação. Embora frequentemente perca a densidade dessa relação, fazendo o filme descambar a um viés deslumbrado/apaixonado, o cineasta consegue manter vivo o elo entre o livro e o longa-metragem e, para além disso, o prontamente estabelecido com o legado de Marc. De forma crescente, o documentário ganha camadas, sendo a mais perceptível delas justamente o entendimento das agruras de procurar alguém que faz uma força danada para não ser localizado, cuja peculiaridade maior, enquanto persona pública, é abdicar de aparecer.
Onde Está Você, João Gilberto? é recheado de depoimentos que ora corroboram as dificuldades, ora oferecem uma nesga de luz, tornando o percurso menos áspero. Georges conversa com Miúcha, cantora e compositora, além de ex-esposa do recluso almejado. Figurinhas carimbadas da Bossa Nova, como Roberto Menescal e João Donato, também oferecem seus pontos de vista sobre o amigo voluntariamente desaparecido dos holofotes. Outros artistas comentam causos notáveis, como o fato de não conhecerem João Gilberto pessoalmente, embora tenham mantido conversas íntimas com o mesmo por telefone. Nesse emaranhado de reminiscências, guiadas por todo esforço pregresso de Marc, ocasionalmente o filme perde um pouco de sua pungência própria, deixando que a força do passado, bem como a imponência do nome em questão, arraste a narrativa consigo ao banal. Isso quanto à consistência da proposta, algo que não minimiza a curiosidade e o apego.
Em sua parte derradeira, Onde Está Você, João Gilberto? investe numa expectativa de, finalmente, Georges conseguir algum contato com João Gilberto. Essa esperança ganha contornos ainda mais dramáticos, por assim dizer, quando temos a perspectiva de que um eventual sucesso valerá, pelo menos, em dobro, porque dirá respeito também a Marc. O cineasta consegue trabalhar esse elemento com habilidade, inclusive por se colocar diante das câmeras com seus medos e receios de frustração. O documentário não é constante, oscilando bastante na medida em que caminha. Porém, mesmo apresentando períodos de inércia, ou de mera contemplação do que os outros têm a dizer, logra êxito ao ampliar o mito impregnado na biografia do cantor e compositor, de certa forma realizando uma ode a um artista ímpar que cativa fãs no mundo inteiro. Mesmo que careça de objetividade, é uma singela homenagem, tanto a João quanto ao falecido que desejava lhe ver tocar.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Marcelo Müller | 6 |
Francisco Carbone | 8 |
MÉDIA | 7 |
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