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Sinopse

O misterioso John McCabe chega a um remoto povoado norte-americano com a intenção de abrir o primeiro prostíbulo da região. A ideia é um empreendimento simples, mas ele é convencido pela cafetina Constance Miller a montar um lugar luxuoso.

Crítica

Reconhecido como um dos mais importantes diretores da história do cinema (e o fato dele ter sete indicações ao Oscar e nenhuma vitória mostra como o mundo funciona de um jeito estranho), Robert Altman entrou empolgado na década de 1970. Já na primeira metade daqueles anos, o cineasta realizou alguns dos filmes pelos quais seria lembrado. Em meio a obras como M.A.S.H. (1970), O Perigoso Adeus (1973) e Nashville (1973), temos este fascinante western Onde os Homens são Homens. Baseado no livro de Edmund Naughton, o roteiro escrito pelo próprio Robert Altman em parceria com Brian McCay aborda uma história que se passa no início dos anos 1900, quando o apostador John McCabe (Warren Beatty) chega à cidade de Igreja Presbiteriana. Ali ele dá início a um bordel, ganhando ajuda para torna-lo um negócio bem-sucedido ao conhecer a prostituta viciada em ópio Constance Miller (Julie Christie). Mas a rentabilidade alcançada pela dupla acaba chamando a atenção de homens poderosos, que não agem de maneira justa, passando a representar uma ameaça para muito além dos negócios.

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Antes de colocar seus personagens pegando em armas, como é comum nos westerns, Onde os Homens são Homens prefere dedicar-se à construção do caminho daquelas figuras, justamente até o momento em que elas precisam lidar com o resultado de suas decisões. Sendo assim, o que mais vemos ao longo da trama são pessoas negociando umas com as outras, a fim de terem maior lucro, conseguindo, assim, melhorar a situação da cidade no processo. Isso logo abre a porta para que o filme revele sua intenção: explorar o impacto que figuras inescrupulosas, violentas e que só pensam em seus próprios interesses podem ter em uma situação de progresso. Robert Altman exibe sensibilidade na condução dessa história e dos arcos dramáticos dos personagens, impondo tensão quando necessário, como ocorre no terceiro ato, brilhante pela coragem de ignorar possíveis caminhos fáceis a sua resolução.

Interpretando John McCabe, Warren Beatty exala carisma, estabelecendo o personagem como um sujeito ambicioso, que sabe impor-se diante da população humilde de Igreja Presbiteriana, como se vê logo no início, quando joga pôquer com um grupo de mineiros. Mesmo exibindo alguma ingenuidade (e talvez até por conta disso), McCabe não deixa de ter motivações nobres em determinados momentos (“Alguém precisa proteger pequenos negócios de grandes companhias, e eu sou essa pessoa”, ele diz numa cena). Enquanto isso, Julie Christie (indicada ao Oscar por seu trabalho aqui) cria com Constance Miller uma personagem que contrasta com McCabe, por ser uma mulher forte e inteligente, tendo mais determinação com relação aos negócios. Para completar, a dinâmica entre ela e Beatty não é menos admirável, com a aproximação de seus personagens se construindo gradualmente, com ambos encontrando no outro uma espécie de apoio, mesmo que seus pensamentos sejam diferentes.

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Com uma narrativa embalada pela linda trilha de Leonard Cohen, e que mostra também uma beleza de encher os olhos no que diz respeito aos aspectos puramente estéticos, desde o design de produção de Leon Ericksen até, claro, a fotografia de Vilmos Zsigmond, Onde os Homens são Homens é um western que foge bastante do comum ao desenvolver sua história. Contando com certa contemporaneidade, o filme de Robert Altman sabe instigar o público com suas ideias e conflitos atemporais, não tendo medo de leva-los às últimas consequências.

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é crítico de cinema, formado em Produção Audiovisual na ULBRA, membro da SBBC (Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos) e editor do blog Brazilian Movie Guy (www.brazilianmovieguy.blogspot.com.br). Cinema, livros, quadrinhos e séries tomam boa parte da sua rotina.
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