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Sinopse

Na cidade high-tech de San Fransokyo, o prodígio da robótica Hiro Hamada testemunha a paz local ser ameaçada por forças poderosas e, acompanhado pelo robô Baymax, se une a um time de combatentes inexperientes, porém determinado a enfrentar os inimigos e salvar o paraíso futurista da destruição.

Crítica

É interessante notar como a parceria entre a Disney e a Pixar tem invertido de forma proporcional a qualidade de seus filmes. Se até 2010 o estúdio que criou Toy Story (1995) chegou ao ápice da qualidade justamente com o terceiro capítulo da trilogia sobre bonecos (inclusive sendo indicado ao Oscar de Melhor Filme), desde então a criatividade parece apresentar sinais de fraqueza com continuação como Carros 2 (2011) e Universidade Monstros (2013), além do superestimado Valente (2012). Por outro lado, a empresa que tem o Mickey como mascote tem melhorado cada vez mais, passando por filmes como Enrolados (2010), Detona Ralph (2012) e seu auge, Frozen: Uma Aventura Congelante (2013), maior sucesso do gênero. Com isto, já aviso para tranquilizar a todos: Operação Big Hero mantém a qualidade da Disney em alta com uma trama baseada nos quadrinhos da Marvel.

Na cidade San Fransokyo, Hiro Hamada é um gênio da robótica que não quer saber de estudos, apenas participar de uma competição clandestina de robôs. Orfão, ele vive com o irmão Tadashi e a tia. Após uma tragédia que envolve explosões, mortes e o sumiço de sua invenção, os microbots – a qual uma poderosa corporação estava de olho -, o garoto utiliza o robô médico criado pelo irmão, Baymax, como super-herói. Para isso ele vai contar com a ajuda dos amigos Go Go Tomago, Wasabi, Honey Lemon e Fred.

As lições aprendidas com o sucesso do último filme da Disney se repetem aqui em Operação Big Hero: há um falso vilão, alguém que age por interesses próprios e não é de todo mal e, especialmente, a ligação familiar, especialmente a que une os dois irmãos no mesmo mote que Elsa e Anna em Frozen. É claro que a trama não é igual nem de longe, mas estes aspectos se mantem em sua essência nesta nova linha mais madura que os estúdios parecem querer se inserir cada vez mais. O longa se torna uma grande diversão não apenas para crianças ou adolescentes, mas também um ótimo passatempo para os marmanjos, quer eles gostem de super-heróis ou não.

Os efeitos visuais são incríveis, como os detalhes com que são feitos os microbots. A invenção de Hiro é ligada ao pensamento do usuário, que toma forma através da junção dos pequenos robozinhos. Isto vai de uma simples escada até armas de grande porte, o que causa um grande efeito na tela. Por serem de um cinza escuro, os microbots fazem um ótimo contraste com o colorido do design de produção, dos uniformes e poderes dos integrantes do Big Hero à própria “cidade cenográfica”, que realmente parece um misto de São Francisco e Tóquio não só pelos prédios e ruas, mas também por sua população mista. Aliás, o cenário de San Fransokyo é uma ótima jogada para atrair o público que gosta de robôs como Transformers ou heróis mais clássicos como Os Vingadores.

A Disney também acerta mais uma vez na tônica de seus personagens. Se o protagonista parece um rebelde sem causa no início (ainda que com bons motivos), aos poucos ele vai se tornando mais carismático. O que não pode ser dito de BayMax, que desde o início se mostra o grande trunfo da produção. O robô criado para ser um médico de casos emergenciais começa com um formato mais “fofo”, totalmente branco e cheio de curvas quase como um grande balão, e com o acréscimo da armadura vai se tornando mais forte. Porém, sua personalidade é a parte mais divertida, pois como sua função principal é cuidar dos ferimentos de quem está ao redor, tal habilidade rende gags engraçadíssimas que envolvem até o uso de durex. Sem contar que a todo momento o personagem solta dicas sobre cuidados e primeiros socorros.

Os amigos de Hiro também são donos de personalidades marcantes: Go Go é a blasé eficiente da equipe para jogadas mais arriscadas, Wasabi é o maníaco por organização, Honey Lemon é um garota que aparenta ser frágil por não parar de falar e gostar de tirar selfies, mas tem poderes explosivos e Fred é um sonhador viajante filho de uma figura famosa da Marvel (que não revelo sob risco de estragar a surpresa). Com tantos predicados, Operação Big Hero é mais uma aposta certeira de sucesso dos estúdios pois agrada a todos. É um filme que tem de tudo: comédia, drama, muita ação e até romance. Além de tudo, ainda emociona. Aspecto em que a Disney se mostra cada vez mais insuperável. E, ao final, fica a lição: olhe por outro ângulo. Impossível sair do cinema sem lembrar desta frase.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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