Crítica
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Sinopse
Operação Natal se passa depois de um sequestro chocante que abalou o Polo Norte! Um evento tão traumático que obriga o Comandante da Força Tarefa E.L.F., Callum Drift, a fazer uma parceria com o mais famoso caçador de recompensas do mundo, Jack O’Malley, para salvar o Natal de diversas crianças e adultos ao redor do mundo. Isso porque quem desapareceu foi o próprio Papai Noel. Com Dwayne Johnson e Chris Evans.
Crítica
Da primeira leva de atores alçados à condição de “astros” por seus envolvimentos com o Universo Cinematográfico Marvel, poucos parecem estar se divertindo tanto nesse momento pós-herói quanto Chris Evans. Ok, alguns poderão argumentar que Robert Downey Jr. ganhou um Oscar e Scarlett Johansson se firmou como um nome da série A de Hollywood, mas o ponto aqui é “curtir a fama” (afinal, tropeços como a série O Simpatizante, 2024, no caso de Downey Jr, e da comédia romântica Como Vender a Lua, 2024, estrelado e produzido por Johansson, não serão esquecidos tão facilmente). Evans, por sua vez, parece ser imune a esse tipo de deslize, intercalando minisséries dramáticas, produções para o streaming e até uma aparição num dos maiores blockbusters dessa temporada (tá lembrado da encarnação recente dele como Johnny Storm?). Pois bem, Operação Natal se apresenta como mais uma aposta do galã em um tipo de produto voltado ao grande público, sem comprometimento com temas profundos, mas buscando entreter antes de qualquer coisa. Se consegue? Bom, isso vai depender da boa vontade do espectador, que se verá entre a bobagem passageira e a demanda por excessos que nem sempre encontram vazão.
Por mais que a sinopse do longa dirigido por Jake Kasdan afirme que “quando o Papai Noel é sequestrado, o segurança pessoal do bom velhinho parte em uma missão de resgate”, ou seja, eximindo-se de citar o personagem de Chris Evans, o malandro que interpreta é fundamental para o desenrolar dos acontecimentos. Jack O’Malley é um misto de dois tipos recentes interpretados por Evans: galanteador como o Cole Turner de Ghosted: Sem Resposta (2023), e de índole tão questionável quanto a do Lloyd Hansen de Agente Oculto (2022). Ou seja, ele aparece, mais uma vez, em sua já notória zona de conforto. É com O’Malley que a história começa e termina, e é no seu percurso de mudança ao qual todos os olhos estarão atentos. Com um carismático sorriso repleto de dentes excessivamente brancos, um cabelo impecável e olhos brilhantes, como não aceitar que há esperança para esse bad guy?
Sim, pois será a ele que a Força Tarefa E.L.F., liderada pelo fortão Callum Drift (Dwayne Johnson, que por mais que varie seu entorno, parece estar sempre no mesmo filme) terá que recorrer quando o velho Nick (J.K. Simmons, exibindo músculos que ganharam as redes sociais, mas pouco influenciam na construção desse marombado Papai Noel) é levado por espiões infiltrados no Polo Norte. A questão é que essa localização da fábrica de presentes e lar da grande família Noel é mantida em segredo há milênios, e há apenas um hacker em todo o mundo capaz de descobrir suas exatas coordenadas: O’Malley. Contratado para esse serviço por alguém que se manteve em sigilo – ou seja, ele não sabia para quem estava trabalhando – o golpista agora se vê obrigado a desfazer o que causou, passando a atuar ao lado de Drift nessa missão de resgate. Como se percebe, nada de novo de front: é, mais uma vez, a velha estrutura de uma dupla que não se dá bem no começo, mas que por causa da situação em que se encontram se vê obrigada a unir forças. Durante esse processo no qual estarão lado a lado, aprenderão não apenas a valorizar os talentos um do outro, como também a apreciar a companhia mútua.
Operação Natal é, antes de mais nada, o resultado de uma grande e espalhafatosa ação entre amigos. Kasdan – filho do lendário Lawrence Kasdan, roteirista de Star Wars: Episódio V – O Império Contra-Ataca (1980) e de Os Caçadores da Arca Perdida (1981) – é parceiro de longa data de Johnson, tendo lhe dirigido nos dois recentes Jumanji (Bem-Vindo à Selva, 2017, e Próxima Fase, 2019). Já Chris Morgan, um dos roteiristas, esteve por trás de quase todos os episódios da saga Velozes e Furiosos, além de ter estreado com o texto do thriller Celular: Um Grito de Socorro (2004), um dos primeiros sucessos de Evans. O acréscimo de nomes como Simmons, Lucy Liu e Bonnie Hunt (que não mostrava a cara na tela grande desde Doze é Demais 2, de 2005!) oferece um tempero extra à mistura, mas que o mais entusiasmado não se engane: o show é mesmo de The Rock e do Capitão América, primeiro um tentando evitar o outro, para logo em seguida dando demonstrações de afeto e coleguismo, imbuídos do mesmo propósito de descobrir o paradeiro do desaparecido e, com isso, salvar o Natal.
É interessante a vontade de fazer de um evento por demais conhecido – e presença constante nas telas – um universo à parte, com mitologia própria e potencial para ganhar novas visitas e desdobramentos. Assim, figuras como os elfos, Mamãe Noel e ursos polares também ganham vida, assim como assustadores bonecos de neve e renas capazes de acrobacias inesperadas. E se Gryla (Kiernan Shipka, de O Mundo Sombrio de Sabrina, 2018-2020) não parece ser uma vilã à altura do alvoroço criado, a participação de Krampus (Kristofer Hivju, de Game of Thrones, 2013-2019) se revela um bom acréscimo, mais pelo carisma e tensão gerada por suas interferências do que pelo seu aproveitamento de fato (o roteiro o usa como uma promessa que, infelizmente, não chega a se cumprir). Assim, Operação Natal atinge em parte o seu intento de preencher um espaço recorrente – os indefectíveis “filmes natalinos” – com mais pompa e circunstância, mesmo que pouco ofereça de inovador ou mesmo relevante ao muito que já foi visto a respeito da dinâmica por aqui proposta. No final das contas, é mais ou menos como aquela festa com a família toda reunida: ótima quando começa, e melhor ainda quando termina.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 6 |
Lucas Salgado | 3 |
Alysson Oliveira | 2 |
Francisco Carbone | 4 |
MÉDIA | 3.8 |
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