Crítica
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Sinopse
Arminito reencontra um amor do passado ao retornar à sua cidade da infância. Tentando reaver o tempo perdido, ele se desfaz do patrimônio da família e mergulha no universo mítico da natureza amazônica.
Crítica
Personagens não são pessoas, mas isso não impede que conceitos de psicologia sejam estampados na tela de cinema. No caso de Órfãos do Eldorado, o filme dá material de sobra para refletir sob a ótica de Freud. Arminto (Daniel de Oliveira) volta para sua cidade-natal no Pará com a missão de assumir os negócios do pai. Se essa batalha de afirmação filial diante da figura paterna no campo profissional já é suficiente para começar uma discussão freudiana, há mais elementos em outras áreas dessa vida para reforçar.
Ele reencontra Florita (Dira Paes), empregada que mora na casa de sua família com quem teve suas primeiras experiências sexuais. Ao que tudo indica, ela também era concubina do chefe da família, para aumentar o grau de superação que Arminto deve cumprir.
O retorno do protagonista a suas origens o força a repensar conflitos dormentes. Desde a infância, ele tem um sonho recorrente com uma índia anônima que adentra nua no rio. Já homem formado, a imagem da indígena se transforma em outra mulher (Mariana Rios, de Totalmente Inocentes, 2012) que tem semelhanças físicas com Florita, por quem Arminto começa a nutrir uma obsessão.
Para completar o frenesi freudiano, há objetos de cena com conotações sexuais. Nesse sentido, o suprassumo é o passeio do protagonista por um mercado de peixe, onde ele acaricia a mercadoria.
Com um herói sob forte pressão psicológica, Órfãos do Eldorado se permite absurdos estéticos. Cenas da paisagem amazônica, flashbacks, devaneios e sonhos se confundem para conduzir o espectador no mergulho mental. Nessa toada, algumas sobras de cenas poderiam ser limadas em nome de uma maior dinâmica narrativa. Outra falha está no roteiro, que mais para o final se perde e exagera. Apesar da densidade de emoções que desfilam até o segundo ato do enredo, o final não se sustenta.
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