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Sinopse
Durante uma greve de mineiros britânicos nos anos 1980, em pleno governo de Margaret Tatcher, um grupo de ativistas gays e lésbicas decide arrecadar dinheiro para enviar às famílias dos grevistas.
Crítica
A luta pelos direitos LGBT ocorre há décadas em todos o mundo. Particularmente no Reino Unido, um episódio chamou muito a atenção no ano de 1984. Com a decisão do governo de Margaret Thatcher de fechar vinte minas, 20 mil trabalhadores tem o desemprego à vista, o que leva a uma greve geral da categoria. Em paralelo, um grupo de ativistas gays e lésbicas, cansados de serem ignorados pelos meios de comunicação e o governo, decide se aliar à luta dos mineiros. Mas será que o preconceito sexual não pode barrar tudo? Orgulho e Esperança, do diretor Matthew Warchus, foca sua história neste episódio, mostrando que a tolerância não é um objetivo impossível de se concretizar quando há respeito ao outro envolvido.
O longa tem diversos personagens carismáticos e bem construídos, mas centra-se em Joe Copper (George MacKay), um jovem de vinte anos que ainda está começando sua "vida fora do armário" e adere à luta de Mark Ashton (Ben Schnetzer), o rebelde e temperamental líder do grupo ativista Lesbians and Gays Support the Miners (LGSM). Enquanto vários sindicatos recusam a proposta de união de lutas, um grupo de Onllwyn - uma pequena cidade mineira de Gales -, decide receber uma visita dos protagonistas, ainda que por um engano ao telefone. O representante dos mineiros, Dai Donovan (Paddy Considine), se sensibiliza com o discurso de Mark e decide convencer seus colegas a trabalharem juntos.
É claro que o filme reúne todos os elementos que parecem clichê, mas são mais do que verdadeiros: as mulheres que se encantam com os gays, dos mais "afeminados" aos que tem postura heteronormativa, aquele que ainda não saiu do armário mesmo após muitos anos, o que está "se descobrindo" e precisa sair do ambiente familiar para viver sua vida, o HIV pipocando na comunidade, os homofóbicos religiosos e aqueles que são intolerantes até conhecerem (e começarem a entender) que a única diferença entre heteros e homossexuais é a a preferência por meninos e/ou meninas. Tudo contado com bom humor, mas nem por isso menos sério quando as questões precisam ser.
Se por um lado é fácil simpatizar com a "ala gay" do filme e sua luta, os mineiros também se mostram nada difíceis de serem compreendidos graças ao roteiro que nivela todos na mesma categoria, sem deixar que as lutas A ou B se prevaleçam uma sobre a outra. Assim, diversos personagens tem grandes momentos, seja em maior ou menor grau. Jonathan (Dominic West), por exemplo, é um ator excêntrico e que sofre dos males da AIDS que conquista as mulheres da comunidade mineira com seus passos de dança, o que faz os heteros lhe pedirem lições sobre como lidar com a ala feminina.
Aliás, a ala feminina heterossexual de Orgulho e Esperança é um show de interpretação com personagens como a ultraconservadora Maureen (Lisa Palfrey), que faz de tudo para causar conflitos na união dos grupos, Sian (Jessica Gunning), a esposa de um mineiro que se estabelece como uma figura gradualmente cada vez mais forte e ativa nos direitos de ambos os lados, mostrando que não é preciso ser homossexual ou ter alguém próximo dentro de casa para simpatizar com a causa, e a sempre excelente Imelda Staunton como Hefina Headon, que pode não ser simpática à primeira vista, mas consegue humanizar seus colegas por meio da acidez. Há espaço também para a mais do que carismática idosa nonsense que pergunta de tudo (mesmo) sobre as preferências sexuais de cada um e como elas funcionam, especialmente "as suas lésbicas", como ela chama o grupo de meninas ativistas com quem tem uma relação carinhosa e emocionante, ainda que não menos engraçada.
Com uma trilha maravilhosa que remete a sucessos dos anos 1980 como You Spin Me Round (Like A Record), do Dead or Alive, Tainted Love, do Soft Cell, e West End Girls, do Pet Shop Boys, como filme propriamente dito, Orgulho e Esperança é o legítimo exemplar britânico linear, com começo, meio e fim totalmente estabelecidos e sem nenhuma grande inovação no gênero. Sinceramente, nem é necessário, pois a história do longa está acima de qualquer birra acerca de cinema de protesto, arte ou o que seja. É ate melhor que tenha sido feito da forma mais simples possível, pois atinge a todo tipo de público, do homo ao hetero, dos mais jovens aos mais velhos, garantindo que todos entendam o que é dito. Com tantas qualidades, foi merecidamente reconhecido em diversas premiações, entre elas o Globo de Ouro (indicado a Melhor Filme – Comédia/Musical) e o BAFTA (indicado a Melhor Filme Britânico e Melhor Atriz Coadjuvante - Imelda Staunton -, além de ter ganho a estatueta de Melhor Filme Britânico de Estreia), além de ter ganho a Queer Palm do Festival de Cannes.
Em tempos de aprovação do casamento gay em todas as regiões dos EUA em contraste com a política conservadora da bancada religiosa que quer incluir até "bolsa ex-gay" no Brasil, a produção mostra-se necessária para mostrar como se procede em uma luta pela igualdade de direitos. É preciso batalhar para conquistar respeito, algo que deveria ser o normal perante a sociedade. Orgulho e Esperança tem em mãos esta improvável aliança mostrando que, no fundo, todos somos iguais, independente de credo, raça ou, é claro, orientação sexual. E que há motivos de sobra para se orgulhar de ser quem é.
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Pena que as pessoas ainda são preconceituosas devido ao "talvez" comportamento muito agressivo tanto dos homo quanto dos héteros, pois se "talvez" fosse comportados quanto nessa época, eles seriam respeitados, sem precisar quase que obrigar as pessoas a isso. O filme é maravilhoso, realmente uma pena não ter tido um sucesso que merecia, pois me mostrou que havendo respeito, a união de qualquer classe é possível. Fiquei sabendo do filme pelo meu irmão e pela minha sobrinha que é casada com um "Gales" e fiquei maravilhada com a historia. Parabéns pelo comentário, pela matéria sobre esse filme.