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Sinopse

Cinco irmãs na Inglaterra do Século XIX terão que lidar com as pressões de conseguirem um casamento, ao mesmo tempo em que se protegem da crescente ameaça de uma população de zumbis!

Crítica

Da mesma cabeça amalucada que misturou um dos maiores presidentes dos Estados Unidos com os temíveis chupadores de sangue em Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros (2012), surge mais um mashup curioso e criativo, que coloca no mesmo pacote um clássico romance de Jane Austen e mortos-vivos: Orgulho e Preconceito e Zumbis. O nome do sujeito que concebeu esta maluquice é Seth Grahame-Smith, que além de escritor (são dele os best-sellers que deram origem aos filmes) também é roteirista e já ensaia carreira como cineasta e produtor em Hollywood.

Quem assistiu à Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros deve ter percebido que o conceito era mais interessante do que o filme em si. E é algo que se repete neste Orgulho e Preconceito e Zumbis, ainda que o resultado final tenha ficado muito superior ao longa-metragem anterior. Aqui, temos a direção de Burr Steers, cineasta que, pela primeira vez, arrisca comandar um filme de aventura depois de ter assinado os água com açúcar A Morte e Vida de Charlie (2010) e 17 Outra Vez (2009), ambos com Zac Efron no elenco. Este background de Steers explica o porquê de seu novo filme parecer mais bem acabado quando o clássico de Jane Austen é deixado em paz.

Em uma versão alternativa da Inglaterra do século XIX, os zumbis são uma ameaça muito real. Neste cenário, o coronel James Darcy (Sam Riley) é um dos mais eficientes homens no combate a este mal. Ele é amigo do igualmente próspero Bingley (Douglas Booth), rapaz que está à procura de uma pretendente. Em um baile na região, conhece a família do Sr. Bennett (Charles Dance) e suas cinco belas filhas. Enquanto Bingley se encanta por Jane (Bella Heathcote), Darcy tem sentimentos mistos por Elizabeth (Lily James). Ela ouve comentários pouco corteses do rapaz e começa a odiá-lo imediatamente. Esse é o ponto de partida de uma história de amor clássica. Ah, claro, temos zumbis também, que devem atrapalhar este potencial romance, assim como a vida de qualquer pessoa que surgir em sua frente.

Seth Grahame-Smith teve uma ideia curiosa, mas a mistura que nos é mostrada na tela tem muito pouco dos mortos-vivos que nos são prometidos. Em dados momentos, esquecemos completamente da ameaça para nos envolvermos com a história de Liz Bennett e Darcy. Neste quesito, o filme não é muito diferente de qualquer outra adaptação do clássico de Jane Austen. Quando os zumbis dão as caras, nunca parecem um perigo real para os mocinhos, visto que todos têm preparo no combate contra estes seres. Se por um lado, isso se mostra um problema, visto que nunca sentimos medo por aqueles personagens, por outro nos dá um quinteto de irmãs Bennett totalmente ligadas ao movimento feminista atual. É ótimo ver protagonistas femininas que não servem apenas como damas em perigo e isso Lily James e suas colegas de elenco fazem muito bem.

James e Sam Riley têm uma boa química e conseguem nos convencer da paixão platônica que os dois sentem pelo outro. Envolvido nessa mistura está o corajoso senhor Wickham (Jack Huston), que colocará dúvidas no coração de Liz. Como alívio cômico, o pastor Collins (Matt Smith) surge como um possível pretendente para as meninas, sempre se mostrando pouco afeito na lida contra os zumbis.

Tecnicamente, o filme é muito bem realizado. Desde os efeitos visuais, passando pela direção de arte e fotografia, culminando nas boas cenas de ação. No entanto, falta um elemento que dê maior liga entre zumbis e Jane Austen. Outro ponto negativo é a participação desnecessária de Lena Headey (apenas para chamar os fãs de Game of Thrones, 2011-2019, para o cinema), que entra e sai do filme sem fazer muito. Assim como algumas cenas que parecem apenas fazer sentido para figurarem em trailers, sem muita ligação com a trama principal - a zumbi com um bebê é um exemplo disso. Como fica no meio do caminho, Orgulho e Preconceito e Zumbis dificilmente agradará aos fãs do romance de Austen e, muito menos, aplacará a sede de sangue dos adoradores dos mortos-vivos. Talvez os leitores do best-seller que deu origem a este filme se sintam contemplados. Talvez.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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