Crítica
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Sinopse
Em meio as dunas e paisagens do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, o cantor e compositor Orlando Morais relembra sua trajetória, enquanto recebe artistas internacionais e brasileiros, como Caetano Veloso e Huong Thanh, e mistura diferentes gêneros musicais.
Crítica
Visualmente bem desenvolvido, Orlamundo apresenta as diversas faces artísticas que o som pode ter. Nessa aventura musical proposta pelo cantor e compositor Orlando Morais, tudo que se ouve pode ser traduzido em arte. Mesmo não se assumindo como experimental, o filme logra em se pautar pelo inesperado nas mãos de Alexandre Bouchet – que já havia empregado trabalho semelhante em Belo Monte: Um Mundo Onde Tudo É Possível (2017).
O entusiasmo do documentário se manifesta na construção musical de Orlando na parceria de amigos pelo mundo. Essa expedição sonora valoriza o que de mais simples pode ter a música e como ela pode tocar os seres humanos em pontos diferentes do globo. Ainda que incorra no equívoco de não desenvolver melhor os personagens que ilustram os casos retratados, ao longo dessa trajetória percebemos que o intuito é navegar com o artista pelas artes sem se deter ao rumo e seus propósitos.
Assumindo uma narrativa predominantemente naturalista, a beleza estética do longa vai se mostrando para o espectador com parcimônia. A paciência se confirma uma forte aliada para perceber o lindo trabalho na fotografia de Bouchet e enquadramentos que enriquecem o desenrolar da ação. Apesar de não possuir um norte firmemente estabelecido, a sensibilidade das canções e o manejo profissional dos músicos fazem das imagens um bonito entretenimento para o espectador, embalando sua história com samba, MPB, blues e batidas africanas.
Outro destaque é a água. Durante um percurso repleto de descobrimentos, Orlando busca sempre que possível traçar um paralelo com a fluidez e a naturalidade que um rio, lagoa ou mar podem ter. O elemento líquido estará lá e terá seu som característico, como um instrumento que se recusa a parar de tocar. Muitas vezes imersos, os artistas provocam o público com essa fonte inacabável de inspirações.
Sem confundir estrutura cinematográfica com enredo apoiado em trilha, que às vezes nos faz amar uma obra por músicas que já conhecíamos e tínhamos apego emocional, tudo que aqui é visto e, principalmente ouvido, é válido. Orlamundo se revela sensível e ambicioso sem deixar de ser minimalista. Como uma carta de Orlando Morais para si próprio, tudo aqui é poesia - palpável e descomplicada – para que os demais na audiência possam beber um pouco dessa água de cânticos, tão frisada pelo músico no decorrer de sua obra.
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