Crítica
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Sinopse
Pádraic e Colm são melhores amigos de longa data e vivem numa ilha remota na costa oeste da Irlanda. Num dia que parecia ser como qualquer outro, Colm decide colocar um ponto final da amizade. E as severas consequências vêm.
Entre a guerra e a (aparente) paz que Inisherin representa, uma reflexão se faz a partir da intriga causada pela desconsideração. É como se o ponto azul constante da paisagem (tela) de Juan Miró fosse insignificante diante da imensidão branca e pacata de Inisherin. O silêncio do nada acontece. Entre os muitos motes retratados no filme, está a desconsideração pela gentileza que ora está encarnada na imbecilidade, ora naquilo que não é tido como tal simplesmente por ser diferente, como uma mula. Ignora-se naquela trama o fato de que inteligência e loucura não ocupam o mesmo espaço. Talvez, aqueles que são desprezados pela sua imbecilidade inspiram uma inteligência social de mudança que outros, (auto)considerados/valorizados em seu capital político, cultural ou institucional não inspiram. São loucos por dizerem o que pensam munidos pelo álcool ou pela perversidade?! Seus históricos narram seus desfechos. Disso, nasce uma música que se talvez composta por mãos de cinco dedos jamais vingaria. Ali, a ignorância no sentido assentado conta a delicada escolha sobre si mesmo e o outro - ser feliz por si ou ser infeliz para garantir a felicidade do outro. Em Inisherin, a notícia é angular como em qualquer outra civilização e o poder é que(m) conta. A morte está no silêncio da verde paisagem, do exílio da ilha, das pessoas que não se cumprimentam, dos bombardeios que se fazem na outra margem, da amizade que se desfez sem (?) motivos, da escolha sem olhar pra trás. Bruxas ou fadas? O autor escolheu o inverno - uma velhinha enlutada. A vida só há naquilo que não há - seja nas falésias, na terra firme, no silêncio de uma guerra que ainda não lhe pertence, na escolha do outro. Dizer não é dizer sim e todos têm suas próprias razões. Assim é Os Banshees de Inisherin.