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Crítica

Assistir e falar de Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário é um convite à nostalgia. Afinal, há 20 anos este anime adentrava os lares de crianças de todo o Brasil e as viciava, transformando-as não apenas em fãs da série como um todo, mas também consumidores de bonecos, jogos, revistas e até cds relacionados ao produto. Obviamente, este que vos escreve era um destes pequenos espectadores e vibrava toda vez que Seiya, Shiryu, Hyoga, Shun e Ikki apareciam na tela. É claro que duas décadas depois muita coisa mudou, não apenas os infantes cresceram como a própria série foi repaginada para os dias atuais. E para os fãs, novos ou antigos, uma coisa é certa: a nova animação funciona. Com várias ressalvas, é claro.

O enredo é, basicamente, uma versão enxugada da mais famosa história do anime: a Saga das Doze Casas. Saori Kido, a reencarnação da deusa Atena, é salva por Seiya de Pégaso, um dos Cavaleiros de Bronze, e precisa se unir a Shiryu de Dragão, Hyoga de Cisne, Shun de Andrômeda e Ikki de Fênix para lutar contra os doze Cavaleiros de Ouro e chegar à sala do Grande Mestre. Assim, ela poderá retomar seu posto de protetora da Terra.

Obviamente, condensar uma saga extensa como esta (foram 13 edições do mangá original e dezenas de episódios televisivos) não é das tarefas mais fáceis e mesmo quem não assistiu o seriado nenhuma vez na vida há de notar as lacunas e a aceleração sem freios em vários momentos do filme. Poucos personagens são devidamente aprofundados (diga-se de passagem, os fãs de Fênix podem ficar extremamente decepcionados) e alguns dos mais temidos cavaleiros podem ter se transformado em pastiche.

Por outro lado, há decisões certeiras, mesmo que inusitadas, como a “troca de sexo” de um dos guerreiros dourados, assim como as batalhas (mesmo que algumas com pouquíssima duração) são de encher os olhos devido ao novo visual da animação, que lembra videogames e outros longas do gênero, como Final Fantasy (2001). Um dos grandes ganhos com o “enxugamento” da narrativa é a exclusão do excesso melodramático que tomava conta de vários episódios da TV. Este reboot dos guerreiros do cosmo tem mais humor, algo que não se via com tanta frequência na série original. E o plus: os dubladores da versão brasileira (com excessão de dois cavaleiros de ouro) são os mesmos da série.

Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário pode ter seus defeitos, mas se mantém acima da média no resultado final. Quem gosta de animes não há de se decepcionar. As múltiplas referências às mitologias greco-romana e oriental estão lá, o que é tentador para quem tem empatia pelo assunto. E como é bom ouvir gritos guerra clássicos como “meteoro de Pégaso” e “cólera do dragão” novamente. É um convite de volta à infância e a promessa de conquistar novos fãs. Uma bela homenagem aos heróis criados por Masami Kurumada.

 

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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