Crítica
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Sinopse
Quatro colegas de trabalho se programam para curtir o feriado prolongado em uma casa de praia. Chegando lá, descobrem que se meteram em uma tremenda roubada. O destino não é Búzios, mas Maringuaba, a residência alugada está caindo aos pedaços, bem diferente do prometido, e a praia está sempre cheia. As confusões estão só começando.
Crítica
Quem nunca se juntou a uma turma de amigos para um fim de semana prolongado de diversão e descanso, seja na praia (principalmente) ou em qualquer outro lugar propício para momentos assim? Pois é justamente nessa identificação em que residem as apostas de Os Farofeiros, longa assinado por Roberto Santucci e escrito por Paulo Cursino. Essa dupla é responsável por alguns dos maiores bilheterias recentes do cinema brasileiro, como De Pernas Pro Ar (2010), Até que a Sorte nos Separe (2012), O Candidato Honesto (2014) e Um Suburbano Sortudo (2016), todos com mais de um milhão de espectadores. E se a repetição da fórmula talvez não leve à perfeição, ao menos serve como exercício para evitar excessos e caminhos desnecessários. Justamente o resultado que aqui encontramos: ainda uma comédia popular, porém superior a muitas das antecessoras entregues pelos mesmos realizadores.
Ainda que o elenco de Os Farofeiros apresente nomes que devem chamar a atenção de uma plateia mais televisiva, como Maurício Manfrini (o Paulinho Gogó de A Praça é Nossa, 2014), Cacau Protásio (a Terezinha de Vai Que Cola, 2013-2016) e Aline Riscado (que começou sua carreira artística como dançarina do programa Domingão do Faustão, em 2013), os verdadeiros protagonistas são Antônio Fragoso e Danielle Winits. Os dois aparecem como o casal classe média, cada um com seu próprio trabalho, com dois filhos e uma previsão turbulenta de enfrentar a virada do ano na casa da irmã dela, junto com primos, tios, avós e demais parentes. Duas coisas, no entanto, acontecem. Primeiro, ele é promovido, e antes de assumir o novo cargo, precisa tomar uma decisão: demitir um dos seus colegas para ajudar na redução de custos da empresa. Segundo, uma discussão familiar de meses atrás volta à tona, gerando um “desconvite” para os festejos de réveillon. Agora, sem terem para onde ir, só lhes resta se reunirem com os mesmos amigos que verão nele, assim que descobrirem sua nova condição, o algoz de um futuro tranquilo.
Assim que pegam a estrada, os quatro casais que estarão no centro da ação de Os Farofeiros nada mais tem como responsabilidade do que desempenharem uma série de gags e esquetes que ficariam bem em qualquer um destes programas que estão acostumados a estrelarem. Os tipos, portanto, são facilmente reconhecíveis. Há o malandro que sempre tem uma resposta na ponta da língua (Manfrini), o certinho que pensa muito e acaba fazendo nada (Fragoso), a barraquenta que não perde uma boa discussão (Protásio), a gostosona que não se dá conta da própria beleza (Riscado), o ingênuo sortudo (Nilton Bicudo, de Bruna Surfistinha, 2011), o enfezado ciumento (Charles Paraventi, de O Roubo da Taça, 2016), a dona da razão (Winits) e até o gostosão que surge para deixar as mulheres em polvorosa (Felipe Roque).
O que Santucci e Cursino procuram fazer a partir da elaboração deste cenário é provocar o maior número de confusões possíveis, porém sem ofender nenhuma das partes envolvidas. Quando a trupe chega à casa alugada que deveria ser à beira mar, o que encontram é um casebre aos pedaços, com uma piscina imunda, infestações de mosquitos e um calor insuportável, sem ventiladores ou ar-condicionado. As mulheres se sentem ameaçadas pela bonitona recém-chegada, os demais homens se revezam entre os puxa-sacos e os inocentes que não fazem ideia do que se passa entre eles. Segredos pontuais vão sendo revelados, e mudanças, aos poucos, tomam forma. Uma delas está grávida, o outro sente falta dos filhos que estão com a ex-mulher, um dos casais precisa aprender a confiar um no outro, e até mesmo os que se amam aos trancos e barrancos descobrem como demonstrar afeto sem tanta violência. E no meio de tudo isso, ainda arrumam tempo para irem ao cinema e dar uma alfinetada nos críticos do gênero – um excesso desnecessário (afinal, os números falam por si, e não será um contraponto isolado que mudará a ideia daqueles habituados a apontar as falhas de produções como essa), porém facilmente perdoável.
Em resumo, quem já não teve seu momento farofeiro em alguma etapa da vida? Talvez durante a faculdade, ou em alguma junção familiar, todo mundo já entrou em alguma roubada que desejou com todas as forças ter evitado, mas, anos depois, se lembrou com risos e até certa saudade. Pois é justamente isso que Os Farofeiros propõe. Tanto que, dependendo da repercussão que o longa tiver junto ao público, futuras continuações devem ser imediatamente encomendadas. Vontade, realizadores e elenco possuem de folga. E deixando de lado certos pré-conceitos ou um pedantismo elitista que domina boa parte dos ditos entendidos, temos aqui um filme que faz jus ao passado da cinematografia nacional, emula situações recorrentes nas chanchadas e, a despeito dos (muitos) clichês e estereótipos de explora sem cerimônia, ao menos os usa a serviço do riso imediato e desimpedido. E, no final das contas, essa é a sua primeira e última obrigação.
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