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Crítica


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Sinopse

A filha de um importante militar é sequestrada e levada à selva. Os Trapalhões são convocados para uma difícil e perigosa missão de resgate.

Crítica

Numa época em que o cinema brasileiro ainda não havia encontrado o seu formato atual e enfrentava sérios problemas de diálogo com o público, os Trapalhões foram um bom exemplo de como lidar com temas atuais em busca de bilheterias expressivas. E se no início de suas carreiras as paródias de grandes sucessos de Hollywood os fizeram populares, na primeira metade da década de 1980 a trupe saiu em busca de argumentos originais e próprios para suas personalidades. Porém, com um volume de dois novos filmes sendo produzidos a cada ano, nem sempre as apostas foram as mais acertadas. Por isso que temas da moda acabaram ganhando espaço. E um resultando dessa tendência é Os Heróis Trapalhões, que foi o título em que fizeram uso da ecologia como cenário de suas aventuras.

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A ideia é mais ou menos a mesma de sempre: um vilão com delírios de loucura, uma bela garota em perigo, um galã tentando resgatá-la e, sem saber a quem recorrer, um pedido de ajuda aos quatro atrapalhados protagonistas. Só que ao invés de estarmos na cidade grande ou em uma vila do interior, dessa vez a trama se passa em plena floresta amazônica. Didi, Dedé, Mussum e Zacarias se veem em apuros após aprontarem com os militares – perceba que a Ditadura Militar no país havia terminado apenas três anos antes – e por isso são enviados em uma missão contra o Rei (Geraldo Del Rey), que está liderando uma organização terrorista no meio da selva. O objetivo dele é encontrar sementes mágicas de índios xamãs que poderão lhe conceder poderes extraordinários. Só que adivinha quem terá acesso a elas antes de qualquer um?

Quando Didi come a semente, tudo se transforma ao seu redor. Além de superforça, ele também adquire o poder de voar. Assim, conseguirá ajudar seus amigos – ninguém menos do que o grupo Dominó, muito popular na época – a encontrarem as mocinhas em perigo – a cantora e apresentadora Angélica e a modelo Luma de Oliveira. Se por um período pequeno de tempo os Trapalhões chegaram a convidar artistas de respeito para participarem de seus elencos – nomes como Regina Duarte, José Dumont e Edson Celulari, entre outros, atuaram em suas produções – aqui eles deixam claro que o que buscam é o retorno de um público mais amplo, e não o especializado. Assim, investem em celebridades, com alcance em outras mídias – música, televisão, moda – para ampliarem sua base de fãs.

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Com um roteiro que é uma verdadeira salada de referências à personagens de sucesso naquela década, como Superman (Didi chega a literalmente voar por cima da Amazônia com os braços estendidos para frente), Rambo (os quatro em plena selva é uma sátira ao heroísmo do tipo criado por Sylvester Stallone) e Indiana Jones (o vilão do glauberiano Del Rey, protagonista de Deus e o Diabo na Terra do Sol, 1964, é visivelmente inspirado no feiticeiro de Indiana Jones de o Templo da Perdição, 1984), Os Heróis Trapalhões inacreditavelmente acabou funcionando, levando mais de 2,9 milhões de espectadores aos cinemas. Retrato de uma momento histórico mais ingênuo e propenso a brincadeiras dessa natureza – algo que, dificilmente, poderia se reproduzir em tempos como os de hoje.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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