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Sinopse

Roberto Pêra já foi o maior herói do planeta, combatendo o mal sob o codinome Sr. Incrível. Porém, após salvar um homem de se suicidar, ele é processado e condenado na Justiça, gerando uma série de outras indenizações, o que faz com que a opinião pública se volte contra os super-heróis. Com isso, são obrigados a levar suas vidas como pessoas normais. Quinze anos depois, um comunicado misterioso o convida para uma missão secreta em uma ilha remota.

Crítica

Os Incríveis é um dos frutos mais bem sucedidos da parceria entre os estúdios Disney e Pixar. Seu diferencial começa no próprio ‘elenco’: é uma história estrelada por humanos, e não bonecos ou animais, por exemplo. Até o seu lançamento, a união destas duas companhias era consolidada, com sucessos como Toy Story (1995) e Procurando Nemo (2003) no currículo, mas ainda soava como uma companhia especializada em uma produção voltada ao público infantil. Foi somente com este longa, assinado por Brad Bird – que posteriormente comandaria o campeão de bilheteria Missão: Impossível - Protocolo Fantasma (2011), com Tom Cruise, quase uma versão live action das aventuras aqui experimentadas pela primeira vez – que seus realizadores deixaram claro de uma vez por todas que estavam prontos para competir de igual com qualquer tipo de concorrência. E o tempo só mostrou o quanto eles estavam certos.

Se antes do lançamento de Os Incríveis os animadores responsáveis afirmavam que não havia domínio suficiente da tecnologia digital disponível para representar o homem de modo convincente, muito mudou desde então. O visual aqui apresentado é estonteante, além do filme trazer consigo também uma história envolvente e muito bem trabalhada, que atende tanto às crianças e adolescentes em busca de uma obra do gênero divertida e competente, como também possui muitos elementos, entre personagens, subtramas e cenários, que parecem existir apenas a uma demanda mais adulta e específica. Figuras como a espevitada Edna Mode – uma homenagem evidente à oscarizada figurinista Edith Head – é apenas o exemplo mais óbvio destes casos. Como resultado deste cuidado extra, foi indicado em quatro categorias ao Oscar, inclusive na de Melhor Roteiro Original, e premiado como Melhor Longa de Animação e Melhor Edição de Som, além de ter recebido muitos outros prêmios importantes, como o National Board of Review, o Bafta e o Critics Choice Awards.

Os Incríveis nos mostra uma realidade em que os super-heróis não só são figuras corriqueiras, como também deixaram de ser uma benção para se tornarem um problema – uma realidade próxima daquela vista em filmes mais recentes, como Watchmen (2009) e X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (2014), porém com quase uma década de antecedência. Obrigados pelo governo a deixarem seus super-poderes de lado e agirem como pessoas normais, a trama centra seu foco na família do Sr. Incrível, sua esposa e seus três filhos. Ele, outrora respeitado e temido, virou uma figura apática que detesta seu trabalho. Sua única alegria vem das noites em que consegue exibir suas habilidades em nome do bem, nem que seja escondido. Tudo parece mudar quando é recrutado por uma entidade secreta que, aparentemente, deseja que ele volte à ativa, e na sua melhor forma. Nem tudo dá tão certo quanto o esperado, e um novo super-vilão aparece, forçando que a família se una mais uma vez e, no total domínio de suas capacidades, enfrentem – e eliminem – a ameaça emergente.

Força, elasticidade, rapidez, invisibilidade, mutação. Esses são alguns dos super-poderes apresentados pelos membros da família Incrível. Essas são também as habilidades especiais que qualquer pessoa normal precisa saber exercer com muita vontade para levar as coisas do dia-a-dia com harmonia. E o diretor Brad Bird consegue harmonizar esta dupla realidade com muita sabedoria, sem ser chato ou didático, ao mesmo tempo que entretém com eficiência do início ao fim. Os Incríveis é colorido, movimentado, dinâmico e inovador. Prende a atenção de plateias amplas e diversas, pois se comunica com os mais diversos públicos com igual competência. Fala aos pequenos com personagens bem desenvolvidos e interessantes, estabelece contato com os mais adultos com pequenos gracejos e ótimas sacadas, e se confirma como um programa completo. É uma obra divertidíssima, inteligente e muito perspicaz. Um trabalho de gênio, que merece com justiça todo o reconhecimento que obteve.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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