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Crítica


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Sinopse

Os amigos Nonô e Toledo passam boa parte do seus dias tentando conquistar mulheres. Tudo vai muito bem até que o primeiro flagre o segundo com uma jovem que poderia ser sua filha.

Crítica

Os Paqueras é puro exotismo. A começar pelo título, que poderia ter optado pelo recorrente "paqueradores", mas preferiu um termo sem sonoridade e apego, em escolha tão específica - e duvidosa - quanto o produto cultural no qual o filme se insere, a pornochanchada. Lá fora, "paqueras" não teve vez. A América Latina decidiu chamá-lo de Amantes a la brasileña, alimentando o estereótipo que o gênero popular dos anos 70 fez questão de difundir. No prático e imediatista idioma inglês não foi diferente: The Girl Watchers, ou Os Observadores de Menina, ao mesmo tempo síntese e redução apropriadas para um filme limitado.

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Estreia do ator Reginaldo Faria na área de atuação do irmão, o diretor Roberto Farias, Os Paqueras conta a história dos amigos Nonô (Reginaldo Faria) e Toledo (Walter Forster) em um Rio de Janeiro tomado por tentações sensuais. Enquanto aguarda para ser chamado para o curso de medicina, Nonô passa os dias de solteiro flertando com todas as mulheres que encontra. Não contente com os casos que consegue à beira-mar, o jovem boa-vida pede conselhos ao amigo experiente com o intuito de maximizar as conquistas. “Eu só penso em mulher, Toledo", revela o moço em um momento de sinceridade amargurada, cogitando inclusive algum tipo de doença. Entre doses de bebida, olhares descarados para o corpo feminino e flertes, a relação entre Faria e Forster ocupa boa parte do longa. A trama composta basicamente por sketchs limitados e razoavelmente bem amarrados só encontra seu momento de verdadeira tensão - adivinhe - quando Nonô se envolve com Margarete (Irene Stefânia), uma moça que lhe fora apresentada por Toledo.

Lançado em 1967, o filme de pouco mais de 90 minutos antecipa grande parte das características que marcariam o cinema brasileiro durante a década seguinte. Os personagens secundários têm contribuição pífia, presentes em geral por uma questão de beleza ou nome, como a aparição pontual de Leila Diniz em um vestido curto. Os protagonistas são tipicamente planos, sem qualquer desenvoltura psicológica, como no caso da dupla central, cujas ações previsíveis e repetitivas prendem o enredo em um ir e vir de situações envolvendo sensualidade, ciúme e infidelidade.

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O traço mais instigante, entretanto, fica a cargo do aspecto cultural. A fim de explorar a comédia, a história acentua a hipocrisia dos costumes, terreno sobre o qual a antropologia nos dirá muito - mais e melhor - acerca da forma como o interesse pessoal, aqui motivado pela lascividade, habita e erode uma sociedade artificialmente moralista. Distante, porém, de se pretender minimamente sério e socialmente crítico - e, no fundo, sendo o completo oposto, Os Paqueras é uma diversão fácil e barata, que pode inclusive agradar caso você não seja obrigado a prestar muita atenção.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul, e da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Tem formação em Filosofia e em Letras, estudou cinema na Escola Técnica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Acumulou experiências ao trabalhar como produtor, roteirista e assistente de direção de curtas-metragens.
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