Crítica
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Sinopse
Depois de sair de uma clínica psiquiátrica na qual ficou internado por quatro anos, Beto decide roubar o milionário Santiago e um mafioso russo na companhia dos amigos Marco, Laura e Nelson.
Crítica
Em comparação ao original, Os Penetras (2012), há uma perda considerável de qualidade nesta aguardada sequência. Se no primeiro filme havia uma evidente vontade de celebrar em chave cômica a malandragem tipicamente brasileira, em Os Penetras 2: Quem Dá Mais? o que predomina é a mera sucessão de piadas. Nada demais, fossem as mesmas engraçadas. Na trama, Beto (Eduardo Sterblitch) passa algum tempo numa clínica psiquiátrica, fugindo de lá apenas ao receber a notícia da morte inesperada de Marco (Marcelo Adnet), seu companheiro de picaretagem. Após uma sequência, no mínimo, apática, ocorrida durante a missa, em que Sterblitch abusa de um maneirismo infelizmente presente durante todo o longa-metragem, se instaura a via pela qual poderiam transitar os momentos mais propensos ao riso, já que o amigo desencarnado surge como conselheiro, tornando-se uma espécie de guia espiritual para a aplicação de golpes. Marcelo Adnet, entretanto, aparece muito esporadicamente.
Então, o que depõe, de cara, contra Os Penetras 2: Quem Dá Mais? é precisamente a falta de um contraponto substancial à atrapalhada inocência de Beto. Sem Adnet para oferecer-lhe essa possibilidade, Sterblitch até tenta “segurar a peteca” sozinho, mas não consegue, especialmente por apostar numa construção de personagem bastante superficial, inclusive ignorando o resultado do percurso anterior, ao fim do qual Beto acabava mais maduro para colocar seu jeito destrambelhado a serviço das falcatruas pensadas por Marco e Nelson (Stepan Nercessian). Fora a previsibilidade, algo letal numa comédia de erros como esta, sobram “gorduras” e elementos mal resolvidos. Exemplo disso, a presença insossa de Danton Mello na pele de um trambiqueiro que tinha tudo para assumir o protagonismo pertencente a Adnet, culpa, boa parte, do roteiro que não lhe oferece grandes instantes com tônus suficiente para fazer a diferença. Os desperdícios vão se acumulando e tudo vai ficando meio banal.
Eis que entra em cena Oleg (Mikhail Bronnikov), jovem milionário russo, obviamente, logo o alvo prioritário da turma que conta, ainda, com a sensual Laura (Mariana Ximenes) e a não menos bonita Svetlana (Elena Sopova), golpista por quem Beto havia se enamorado em Os Penetras. Aliás, neste, o chiste relativo à não compreensão da língua era bem mais inteligente que em Os Penetras 2: Quem Dá Mais?. O diretor Andrucha Waddington deixa para trás, também, o esmero da construção imagética da primeira produção, aqui apresentando um trabalho seguramente abaixo das expectativas que fatalmente recaem sobre alguém com sua envergadura artística. Igualmente empobrecido é o conteúdo das piadas, em determinadas circunstâncias descambando quase à grosseria, como quando Beto se vê totalmente enrascado por causa de uma paixão. Mesmo atores extremamente talentosos como Adnet e Sterblitch não se saem a contento, um, pelo pouco material, o outro, em virtude do exagero intermitente.
O humor pobre de Os Penetras 2: Quem Dá Mais? não combina com os nomes envolvidos, sendo o principal responsável pela frustração que sobrevém ao término do filme. As situações potencialmente cômicas, sobretudo por seu teor de absurdo, tal a amizade improvável do ricaço cercado de seguranças por todos os lados com Beto, protagonista nonsense que fica ainda mais descontrolado sob o efeito de algumas substâncias, acabam em decepção. As figuras são familiares, já sabemos exatamente o que esperar de cada uma delas. Todavia, a decisão final de Beto, de certa maneira, desdiz a bem-vinda malemolência de Os Penetras, exatamente por colocar essa vigarice festejada anteriormente sob o jugo de uma lição um tanto moralista. A necessidade de diferenciar Beto e Marco é legítima, afinal de contas, ambos, seja por linhas tortas ou não, seguem seus instintos. Mas, isso poderia ser feito com sutileza, sem a algazarra vazia, num itinerário semelhante ao do original, sem tantas concessões.
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