Crítica
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Sinopse
Hortense Laborie é uma renomada chef que mora em Périgord. Para sua surpresa, o Presidente da República a nomeia como sua cozinheira pessoal, responsável por criar todas as suas refeições no Palácio do Élysée. Apesar da inveja dos chefs da cozinha central, Hortense se impõe, graças a seu espírito indomável. A autenticidade de seus pratos logo seduz o Presidente, mas os corredores do poder estão cheios de armadilhas.
Crítica
A fórmula para fazer de um filme sobre culinária um sucesso é, basicamente, sempre a mesma: uma protagonista feminina, algum drama pessoal aliado à vontade de se superar através da cozinha e, é claro, planos e mais planos de temperos e pratos exóticos saltando pela tela. Entre alguns casos de maior destaque estão o alemão Simplesmente Martha (2001) – o que inclui Sem Reservas (2007), sua versão norte-americana -, Chocolate (2000), Julie e Julia (2009) e O Tempero da Vida (2003) – este último, por sinal, invertendo o gênero para o masculino. O francês Os Sabores do Palácio não foge à regra, mas como no caso da maioria dos citados, é uma delícia de assistir.
Hortense Laborie (Catherine Frot) é um cozinheira de mão cheia, mas seu principal atrativo são comidas caseiras. Por isto mesmo a própria se surpreende quando recebe o convite do presidente da França (Jean d'Ormesson) para se tornar sua personal chef. Em uma narrativa fragmentada entre presente e passado, já sabemos de antemão que ela ficou apenas dois anos no cargo, pois uma equipe de jornalistas australianos quer contar sua história para o mundo, algo do qual ela tenta fugir a todos instante.
O filme é baseado na história verídica de Danièle Mazet-Delpeuch, a cozinheira do presidente François Mitterand, e sua experiência na cozinha do palácio do governo em Paris. Um dos aspectos mais interessantes da narrativa é justamente mostrar a relação de Hortense (o duplo ficcional de Daniéle) com o regente da França. Muitos acreditavam que, devido ao seu sucesso com o líder da nação, a chef, na verdade, teria uma relação amorosa com o mesmo. Ledo engano. A amizade entre os dois é de poucas palavras e surge justamente pelo fato de o presidente ser um apaixonado por receitas desde criança, especialmente as mais caseiras. O que serve para estabelecer esta ligação entre ambos e resulta em belos momentos de cumplicidade.
É claro que, como todo filme com a comida como sendo um dos principais atrativos, vários pratos da culinária francesa são mostrados à exaustão, inclusive no modo de preparo. O que é dar água na boca durante toda a sessão. Porém, o maior destaque fica por conta da protagonista e sua intérprete. Por seu trabalho em Os Sabores do Palácio, Catherine Frot recebeu este ano sua nona indicação de Melhor Atriz no César, o Oscar Francês. Méritos não faltam já que ela incorpora a personalidade da cozinheira mesclando doçura, um pouco de petulância e certa neurose sobre a realização dos almoços do presidente. Sua mania de falar passo a passo como suas delícias são feitas (isto durante o preparo das mesmas) rende alguns dos momentos mais divertidos da produção. Ainda assim, não espere uma comédia de atropelos e gargalhadas altas. O filme é uma produção sensível e trata do assunto com naturalidade, sem perder a mão. O único pecado é a fome que dá quando as luzes do cinema se acendem. Para resolver o problema, só indo ao restaurante ou à confeitaria mais próxima para forrar o estômago.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Matheus Bonez | 6 |
Chico Fireman | 6 |
Robledo Milani | 7 |
MÉDIA | 6.3 |
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