Crítica
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Sinopse
Quatro brasileiros saíram da zona da conforto devido a indignação com o preconceito e injustiça sociais para serem "trangressores" e lutarem pelas suas causas: Paulo Freire, educador; Carlos Tufvesson, estilista e ativista LGBTQ; Celso Athayde, idealizador da CUFA (Central Única das Favelas); e Lucinha Araújo, idealizadora do Instituto Viva Cazuza, que ajuda portadores de HIV.
Crítica
O jornalista Luis Erlanger estreia como documentarista fazendo um interessante retrato de quatro notáveis cidadãos brasileiros, pessoas que não se acomodaram diante do status quo e fizeram (e alguns ainda fazem) o possível e impossível para transformar o mundo ao seu redor. Os Transgressores mostra a trajetória do saudoso filósofo Paulo Freire, uma das figuras mais respeitadas dentro e fora do Brasil quando o assunto é educação; do estilista Carlos Tufvesson, um ativista ferrenho das causas LGBT; o fundador da CUFA (Central Única das Favelas) Celso Athayde; e Lucinha Araújo, mãe de Cazuza, e presidente da Fundação Viva Cazuza.
Cada um deles, à sua maneira, esteve à frente de movimentos de metamorfose na sociedade, sendo figuras ímpares em suas áreas de ação. Erlanger conta a história destas pessoas de forma estanque, em segmentos que duram aproximadamente 20 minutos. Além de fazer um pequeno passado a limpo da trajetória de cada um, trazendo os retratados para falarem sobre si (Freire aparece em imagens de arquivo, tendo falecido em 1997), o jornalista e documentarista também convida pessoas interessantes, que tenham algum envolvimento com os protagonistas, para darem sua visão daquelas figuras. Desta forma, temos ótimos depoimentos do filósofo Mário Sérgio Cortella, dos músicos Caetano Veloso, MV Bill e Nega Gizza, da cineasta Sandra Werneck e da produtora Paula Lavigne, entre muitos outros.
O cineasta é inteligente em começar seu documentário já prendendo a atenção do espectador com os fantásticos ensinamentos de Paulo Freire. Embora rápido, o segmento dá uma boa ideia da importância do filósofo – revelando inclusive a gênese da palavra “empoderamento” e como o termo foi originado por um dos textos do pensador. Quando o trecho envolvendo Freire termina, ficamos pensando que será difícil outra personalidade conseguir fazer frente com trajetória tão interessante. E Os Transgressores surpreende ao nos deixar tão envolvidos com as lutas de Tufvesson, Celso e Lucinha – até porque são lutas de todos nós. Ao menos, deveriam ser.
O estilista defende a igualdade dos gêneros, tendo enfrentado durante toda sua vida preconceito pela sua orientação sexual. É possível não ficar emocionado com o momento do casamento entre ele e seu noivo, união que teve de ser feita, primeiramente, de forma não oficial, devido a impedimentos da lei? Já Celso apoia com unhas e dentes a cultura da periferia e, com seu jeito contundente e muito convincente, nos faz pensar a respeito do pouco espaço dado à movimentos desta vertente. Lucinha, por sua vez, utiliza seu tempo no cuidado de crianças que nasceram com o vírus HIV, abrindo os olhos da sociedade sobre a doença.
É possível que, talvez, após ter contato com esse documentário, espectadores despertem para as “transgressões” que os protagonistas deste longa se envolvem. São lutas importantes, que já deveriam estar vencidas, mas que ainda possuem inúmeros rounds a serem disputados. Mesmo que Os Transgressores seja, em sua estrutura e forma, bastante convencional, a trajetória de seus protagonistas acaba sendo especial o suficiente para manter a atenção do espectador.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Rodrigo de Oliveira | 7 |
Robledo Milani | 5 |
MÉDIA | 6 |
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