Crítica
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Sinopse
Depois de terminar seu namoro, um escritor se muda para Sacramento a fim de ajudar a mãe que está doente. Enquanto tenta ajudar a mãe da melhor forma possível, ele se depara com o conservadorismo daquela localidade.
Crítica
Comédias dramáticas assim são classificadas por oferecer (ou exigir) risadas e lágrimas na mesma medida, geralmente propiciando as primeiras na metade inicial do filme e as segundas na sequência, quando resoluções começam a ganhar forma. Laços de Ternura (1983) não inventou este gênero híbrido, mas certamente o popularizou, sendo que a mesma dinâmica de mãe, filho e câncer, tão engraçada quanto dolorosa, também serve muito bem para este Other People – principalmente porque as situações dramáticas são tão complexas que os envolvidos encontram apenas o humor como fuga e alívio. David (Jesse Plemons) é um comediante gay que deixa Nova York e parte para Sacramento com a intenção de cuidar de sua mãe doente (Molly Shannon), que sofre de uma doença incurável. No retorno para sua cidade da infância, ele tem que “voltar para o armário” para lidar com seu pai homofóbico (Bradley Whitford) e redescobrir as memórias de uma vida muito distante daquela que ele deseja viver.
Com um humor ácido e muito tocante, o cineasta Chris Kelly assina seu primeiro longa-metragem, movido por experiências de sua própria vida. Escreva sobre aquilo que você sabe, já dizia o ditado; Kelly leva a máxima ao extremo na condução de uma trama quase autobiográfica que se assemelha com tantas outras dramédias indies, seja o cultuado Hora de Voltar (2004) ou a recente estreia de John Krasinski como diretor em Família Hollar (2016). Ainda assim, seu êxito é singular e eficiente em todas suas pretensões.
Jesse Plemons parece cada vez mais próximo de receber o devido reconhecimento por seu talento dramático. O ator, egresso da televisão por séries como Friday Night Lights e Breaking Bad, é mais referenciado por seu recente noivado com Kirsten Dunst do que por suas interessantes performances em filmes como O Mestre (2012) ou Ponte dos Espiões (2015). Ainda com os quilos extras adquiridos para protagonizar a segunda temporada de Fargo, Plemons exibe um carisma notável na arriscada composição de um gay sem espaço para afetações ou caricaturas. Ele foi indicado ao Independent Spirit Awards como protagonista, mas quem saiu premiada da cerimônia foi a excepcional Molly Shannon, com quem o ator compartilha uma química delicada e inspiradora. O feeling cômico da atriz é sempre impressionante, aqui explorado numa abordagem agridoce quando serve aos dilemas de uma mulher nos últimos dias de sua vida.
Indicado ao Grande Prêmio do Júri no Festival de Sundance, Other People é recheado de inspiradas passagens, como uma sequência ambientada em um pequeno e curioso bar gay, uma rápida viagem onde a família assiste a uma apresentação do grupo de improvisação de David e qualquer pequena aparição dos avós do rapaz, interpretados deliciosamente por Paul Dooley e June Squibb. As emoções aparecem constante e fortemente ao longo do filme; qualquer um que perdeu pai ou mãe, sofreu por amor e aceitação ou para descobrir a si próprio vai se relacionar facilmente com Other People. Então logo você descobre que essas tais outras pessoas somos todos nós.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Conrado Heoli | 7 |
Daniel Oliveira | 7 |
Francisco Carbone | 9 |
Chico Fireman | 6 |
MÉDIA | 7.3 |
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