Crítica
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Sinopse
Doris é uma menina muito solitária que vive com uma mãe dada a fingir conexão com espíritos. Certo dia, a menina pega o tabuleiro Ouija para tentar falar com o falecido pai, mas acaba liberando uma série de demônios.
Crítica
Adaptações. Livros são comumente levados às telas, mas outras fontes de inspiração já se tornaram filmes: bonecos de heróis ou carros que se transformam em robôs, atrações de parques temáticos, blocos coloridos para brincar e até mesmo cards colecionáveis. Esperar bons enredos dessas fontes já é improvável, mas quando a história se origina de um jogo de tabuleiro as possibilidades são ainda mais remotas; temos exemplos divertidos, como Os 7 Suspeitos (1985) – baseado no jogo Detetive – e outros execráveis, como Battleship: A Batalha dos Mares (2012) – adaptado de Batalha Naval. Este Ouija: A Origem do Mal (2016), assim como seu precedente, Ouija: O Jogo dos Espíritos (2014), pertencem ao segundo grupo.
Ambientado na Los Angeles dos anos 1960, Ouija: A Origem do Mal reintroduz a família Zander, apresentada brevemente na produção anterior, porém desta vez ainda em vida. Alice Zander (Elizabeth Reaser) é uma falsa médium espiritual que engana seus clientes com a ajuda de suas duas filhas, Lina (Annalise Basso) e Doris (Lulu Wilson). Quando a matriarca decide criar um novo golpe com a ajuda do tabuleiro Ouija, acaba acidentalmente invocando espíritos que invadem sua casa e usam a filha mais nova como meio para praticarem o mal. Um dos subgêneros mais cansados do cinema, o filme de espíritos ou ambientado em casas mal-assombradas há muito não tem nada de novo para oferecer. Com uma infinidade de exemplares sendo lançados a cada ano enquanto reciclam os mesmos clichês de sempre, títulos regulares como Invocação do Mal (2013) se destacam entre outros mais genéricos e esquecíveis, características que definem este Ouija: A Origem do Mal. Os efeitos visuais são ruins e quase risíveis, o fiapo de enredo e suas resoluções são preguiçosas e as atuações extremamente canhestras. Elizabeth Reaser deveria contratar uma equipe de busca para localizar sua expressividade e potencial dramático, pois eles definitivamente não estão neste filme; a atriz exibe sempre as mesmas nuances, seja num diálogo com um padre ou para tentar defender as filhas de fantasmas supostamente macabros.
Dirigido por Mike Flannagan, muito versado na temática a partir de títulos questionáveis como O Espelho (2013) e O Sono da Morte (2016), Ouija: A Origem do Mal acerta ao recriar com perfeição a estética dos anos 1960 não apenas no design de produção e figurinos, mas na representação imagética da década na qual ambienta sua história. A produção pode não ter sido filmada com equipamentos analógicos, mas o diretor/editor faz questão de inserir digitalmente pequenas imperfeições características da película, como um tributo nostálgico para uma era que certamente o formou como cineasta. Infelizmente este é um dos seus únicos méritos na condução previsível do terror, extremamente desajeitado na construção do suspense e até mesmo desequilibrado entre o drama dos personagens, seus conflitos e as soluções estapafúrdias para uma narrativa que já começa aos tropeções.
Ouija: A Origem do Mal é um mais do mesmo preguiçoso que até pode impressionar aqueles espectadores que não esperam muito de filmes de terror além de uns sustinhos aqui e ali, geralmente impulsionados pela trilha sonora invasiva e montagem errática. Há de se torcer para que Hollywood deixe os espíritos em paz e direcione suas lentes para outros temas, mas eis uma inglória expectativa, uma vez que a cada semana novos fantasminhas aparecem em mais uma estreia. O Quarto dos Esquecidos (2016) está aí para não me deixar mentir.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Conrado Heoli | 4 |
Ailton Monteiro | 8 |
Edu Fernandes | 7 |
MÉDIA | 6.3 |
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