Crítica
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Sinopse
Após ser adotado pela família Brown, Paddington ganhou muita popularidade na comunidade de Windsor Gardens. No aniversário de 100 anos de sua tia Lucy, esse simpático ursinho sai em busca do presente perfeito e acaba encontrando um livro único na loja de antiguidades do senhor Gruber. Paddington se submete a uma série de trabalhos bizarros para poder comprá-lo, e quando o livro é roubado, ele e sua família farão de tudo para encontrar o ladrão.
Crítica
Além de se mostrar um produto bem acima da média dentro do recorte das produções infanto-juvenis que mesclam protagonistas animados ao ambiente live action – vide títulos de qualidade bastante discutível como Garfield: O Filme (2004), Zé Colmeia: O Filme (2010), Os Smurfs (2011) ou toda a série iniciada com Alvin e os Esquilos (2007) – As Aventuras de Paddington (2014) trouxe à criação do autor Michael Bond, sucesso no Reino Unido e em outros países de língua inglesa desde 1958, uma notoriedade global inédita. Com tamanho êxito comercial, e de crítica, não tardou para que uma sequência fosse planejada e logo materializada neste Paddington 2, acompanhando as novas aventuras do simpático urso falante, e apaixonado por marmelada, vindo das florestas do Peru.
Dirigido novamente por Paul King, o longa mostra Paddington (voz de Ben Whishaw no original) já aclimatizado à Londres, vivendo ao lado da família Brown, que o acolhera anteriormente, como um membro querido por todos, ou quase todos, da vizinhança. Certo dia, à procura do presente perfeito para o aniversário de 100 anos de sua Tia Lucy, ele se depara com um antigo livro pop-up de pontos turísticos da capital inglesa. Sem dinheiro para pagar pelo valioso artefato, Paddington decide procurar emprego, contudo, antes que pudesse juntar a quantia necessária, o livro é roubado do antiquário do Sr. Gruber (Jim Broadbent) por Phoenix Buchanan (Hugh Grant), um ator outrora renomado, mas hoje decadente, que, em sua fuga, acaba fazendo com que o pequeno urso seja injustamente acusado pelo crime.
Com esse dilema estabelecido, o roteiro divide a ação entre o cotidiano de Paddington na prisão, as investigações feitas pelos Brown na tentativa de provar sua inocência e uma caça ao tesouro, ligada ao livro, iniciada por Buchanan. Já familiar ao universo e seus personagens, King conduz uma narrativa fluída, fiel ao espírito da obra de Bond – falecido aos 91 anos, poucos meses antes do lançamento do longa. A pureza envolve a trama, emanando do caráter de Paddington, pautado pelos ensinamentos de Tia Lucy, que tratam especialmente da compaixão e do respeito ao próximo, bem como da aceitação das diferenças. Essas lições de moral, apresentadas com naturalidade, são envoltas por uma atmosfera de fantasia muitas vezes ingênua, mas que nem por isso subestimam seu público-alvo, o infantil, ou mesmo os espectadores mais velhos.
Pois se o humor físico, resultante das atrapalhadas tentativas de adaptação de Paddington à sociedade – em suas experiências trabalhando como barbeiro ou limpador de janelas – é predominante, King ainda encontra espaço para inserir piadas de apelo mais adulto, como todas aquelas que envolvem a crise de meia-idade do patriarca da família Brown, Henry (Hugh Bonneville). O traço cômico tipicamente britânico se faz presente ao longo de toda a projeção, por vezes flertando com o nonsense – como nos breves interlúdios musicais ou na hilária, e inesperada, cena em que Henry é obrigado a colocar em prática os conhecimentos adquiridos nas aulas de ioga – juntamente com um bom número de referências cinematográficas, como a Chaplin e seu Tempos Modernos (1936). Assim como o timing cômico preciso, a qualidade técnica do longa também merece ser exaltada, a começar pela criação digital do personagem principal e sua perfeita interação com atores, objetos de cena etc.
O apuro estético se estende a todo o design de produção – os cenários da prisão transformada em uma confeitaria e do parque de diversões são ótimos exemplos – contribuindo para a criação de sequências visualmente belas e elaboradas, como o passeio de Paddington e Tia Lucy pelas páginas do livro pop-up. Completando o pacote de virtudes, temos um grande elenco devidamente em sintonia com o tom da obra (Sally Hawkins, Julie Walters, Samuel Joslin e Madeleine Harris retornando como os membros restantes da família Brown, além de participações de Imelda Staunton, Michael Gambon, Tom Conti, Peter Capaldi, Richard Ayoade, Noah Taylor e Brendan Gleeson, esse último com grande destaque na pele do temido cozinheiro da prisão. Contudo, é mesmo Hugh Grant quem divide os holofotes com Paddington, parecendo se divertir genuinamente ao encarnar o vilão da trama.
Os disfarces utilizados por Buchanan para colocar em prática seu plano permitem que Grant crie tipos diversos, de freira a mendigo, passando por Hamlet, sem medo da autoparódia ou do ridículo – o pomposo comercial de comida para cachorro estrelado pelo personagem é impagável – protagonizando até mesmo um número musical durante os créditos finais. Sem nunca perder o ritmo, trazendo ótimas atuações, efeitos especiais de ponta e sabendo equilibrar humor, aventura e doses de emoção – evitando, porém, qualquer exagero sentimentalista – Paddington 2 resulta num dos exemplares mais bem resolvidos, divertidos e com personalidade própria dos chamados “filmes para toda a família” lançados nos últimos anos.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Leonardo Ribeiro | 8 |
Robledo Milani | 7 |
Thomas Boeira | 9 |
MÉDIA | 8 |
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