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Sinopse

Um novo filme de suspense está sendo rodado e um novo assassino está à solta. Enquanto Sidney e alguns amigos visitam o set de filmagens de Stab 3, último filme da trilogia baseada nos assassinatos de Woodsboro, um novo serial killer assume a identidade de Ghostface.

Crítica

Após os prólogos de Pânico (1996) e Pânico 2 (1997), nada mais óbvio que esperar do início de Pânico 3  uma pequena narrativa na qual os personagens seriam brevemente apresentados e descartados (ou, melhor dizendo, apunhalados) antes da trama principal efetivamente começar. No entanto, quem protagoniza a introdução da terceira parte da saga de Wes Craven é alguém com grande importância nos filmes precedentes: Cotton Weary (Liev Schreiber), que descobre seu sangrento fim antes mesmo do título do filme aparecer. Assim, Craven e o roteirista Ehren Kruger, novato na série, declaram antes de qualquer consideração que desta vez ninguém está a salvo e tudo pode acontecer.

Apostando no formato filme-dentro-do-filme, Pânico 3 se ambienta nos bastidores da gravação de A Punhalada 3: O Retorno Para Woodboro. Um novo psicopata passa a aterrorizar os envolvidos na produção, assassinando os atores do filme na ordem das mortes propostas pelo roteiro do mesmo. Uma vez que onde há Ghostface há Sidney Prescott (Neve Campbell), a vítima preferida do vilão mascarado sai de seu refúgio para contribuir com a investigação que pretende revelar a identidade do novo vilão – missão que já conta com a colaboração do detetive Dewey Riley (David Arquette) e da intrometida jornalista Gale Weathers (Courtney Cox).

O restante de Pânico 3, que basicamente acompanha alguns personagens já conhecidos e outras novas caras, enquanto eles perseguem e são perseguidos por Ghostface, aos poucos revela o primeiro episódio da franquia inferior à obra original. A ênfase do roteiro de Kruger, que fora imbuído da difícil tarefa de preencher o posto deixado por Kevin Williamson, é desviada da até então interessante protagonista Sidney Prescott e fragmentada entre os demais no elenco. Infelizmente, estes são pouco empáticos e atraentes para segurar a narrativa do filme, e, assim, acabam servindo apenas como vítimas em potencial para o serial killer, o que configura um erro tão primário quanto recorrente no gênero slasher. Vale, a nível de curiosidade, destacar que a ideia original de Williamson para Pânico 3 era voltar para Woodsboro e propor a criação de um culto ao massacre ocorrido na cidade, com uma série de psicopatas – ideia da qual ele se valeria mais tarde para criar a série The Following.

Kruger também não beneficia seu roteiro ao conceder tempo demais à quase tediosa investigação ao passado da mãe de Sidney, Maureen Prescott, capitaneada por Gale e Dewey e pela atriz Jennifer Jolie (Parker Posey). O nome desta e a referência óbvia revelam o nível do humor pouco inspirado do texto de Kruger, ainda mais quando entra em cena outra personagem chamada Angelina (vivida por uma monocórdica Emily Mortimer) e um cameo um tanto quanto deslocado dos icônicos Jay e Silent Bob, entre outras passagens pretensamente cômicas e esquecíveis.

E em algum momento, o falecido geek cinéfilo Randy envia uma mensagem do além-túmulo para seus colegas que permanecem vivos, a partir de um epitáfio audiovisual, prevendo que o massacre iminente que eles vivem não configura uma sequência fílmica, mas a conclusão de uma trilogia. Assim, a heroína torturada Sidney e seus amigos Gale e Dewey estão em grande perigo, uma vez que as regras são novas e ninguém está imune. No entanto, como era claro que a Miramax tinha planos de estender a franquia dependendo do êxito de bilheteria do filme, não há muito suspense em quem vai permanecer vivo no fim das contas; apenas uma trama complicada e autorreferente pontuada por reviravoltas pouco criativas.

Neve Campbell apresenta aquela que talvez seja sua melhor performance na série, ainda que pouco aproveitada entre tantas distrações desnecessárias propostas pelo roteiro. Ela imprime em Sidney uma melancolia quase palpável, digna de alguém que perdeu tantas pessoas amadas e que tenta desesperadamente se desvencilhar de um trauma crescente. A musa indie Parker Posey é a única outra surpresa agradável de um elenco de apoio tão grande quanto insosso, que diverte apenas com uma aparição relâmpago da eterna Princesa Leia, Carrie Fisher. Mas há pouco tempo para se apegar nas novas faces, afinal, os personagens são basicamente dublês de corpo para poupar as estrelas principais. Assim, Craven compõe uma cópia pouco inspirada de outro filme-dentro-do-filme seu que também não deu nada certo: O Novo Pesadelo: O Retorno de Freddy Krueger (1994).

Por fim, Pânico 3 faz o que pode para intensificar sua meia hora final, numa conclusão que até garante alguma surpresa, mas precária comoção. Anticlimático, o longa termina pouco inspirado para uma trilogia que começou tão bem. O alívio para os fãs mais esperançosos estava no plano que encerra o filme: Craven literalmente deixa uma porta aberta para um próximo episódio – que seria realizado mais de uma década depois, em Pânico 4 (2011).

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Graduado em Publicidade e Propaganda, coordena a Unidade de Cinema e Vídeo de Caxias do Sul, programa a Sala de Cinema Ulysses Geremia e integra a Comissão de Cinema e Vídeo do Financiarte.
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