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Sinopse

Astros de cinema interpretam personagens em meio a situações absurdas e politicamente incorretas, interligadas de forma inusitada.

Crítica

A ideia, num primeiro instante, até parecia ser interessante. Mas tudo o que era prometido no papel se desfez no ar durante a realização de Para Maiores, uma comédia besteirol que atinge um novo nível de desrespeito com o espectador. Por um lado, se pensarmos apenas no seu objetivo mais primário – provoca ou não risadas? – o resultado até pode ser considerado eventualmente positivo. No entanto, qualquer análise mais detalhada irá se deparar com as razões por trás destes risos nervosos, que indicam mais uma sessão de constrangimento e vergonha alheia do que um humor digno e saudável. Nada aqui faz sentido, em ambos os lados da tela.

A trama começa com três adolescentes navegando pela internet atrás do tal Filme 43 (título original), uma brincadeira do irmão mais velho com o caçula. Essa é a deixa necessária para uma série de curtas-metragens serem exibidos, um atrás do outro, como se fossem os resultados da busca dos jovens. Em comum estes minifilmes possuem o fato de serem estrelados por grandes astros e por apostarem numa graça non sense, um tipo de humor negro e escrachado, óbvio demais. Em alguns casos nem é preciso fazer muita força, apenas a caracterização dos personagens já oferece motivos suficientes para o espanto da audiência. Como o naquele em que Kate Winslet sai num encontro às cegas com Hugh Jackman e tudo corre bem até ela se deparar com o pescoço dele, lugar que apresenta pendurado um saco escrotal – sim, testículos, com pentelhos e tudo – ao invés de um simples pomo de adão. Ou a sessão de speed dating – namoro às pressas – entre super-heróis, quando Batman insiste em atrapalhar o romance que poderia surgir entre o Robin e a Supergirl.

Por mais incrível que possa soar, estas duas historietas citadas são algumas das mais divertidas. Por motivos obviamente escatológicos, a consumação do namoro entre Anna Faris e Chris Pratt (casados na vida real) é o mais, literalmente, bombástico – um pedido muito especial dela poderá significar um futuro bem ousado entre o casal. A maioria dos contos, no entanto, não possuem a menor graça, como os estrelados por Naomi Watts e Liev Schreiber (também um casal fora da ficção) ou o que conta com Halle Berry e Stephen Merchant, pois ambos, apesar de estabelecerem um visível limite, ousam ultrapassá-lo, e é justamente neste exagero que se perdem. Há ainda aqueles como o com Terrence Howard (do time de basquete só de negros), o do gato animado apaixonado pelo dono vivido por Josh Duhamel, ou o da menina (Chloë Grace Moretz) menstruada, que são compostos por uma única piada, e uma vez que ela é explorada, toda sua razão de ser desaparece.

Para Maiores, como é perceptível, tenta ser engraçado apelando para o sexo. Isso, em tempos de hoje em que qualquer pessoa tem acesso à internet, é “mais velho do que andar para frente”, como diria a minha avó. Trata-se de uma fórmula ultrapassada e desgastada, que até pode gerar algumas situações inspiradas – o diálogo entre Emma Stone e Kieran Culkin consegue sobressair justamente pelo inesperado – mas na sua grande maioria apenas provoca tédio – como o iBabe de Richard Gere ou o duende de Gerard Butler. Por fim, temos um longa do mesmo nível dos seus diretores, que entre novatos como a atriz Elizabeth Banks e o medíocre Steve Carr, apresenta embaraços para as carreiras de Griffin Dunne, Peter Farrelly e Brett Ratner, entre outros. E no final, tudo o que perguntamos é: como um elenco como esses pode ter aceitado participar de tamanha bobagem? Talvez só mesmo Hitchcock possa responder!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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