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Crítica


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Sinopse

A felicidade irrestrita dos recém-casados Paige e Leo é interrompida por um acidente. Ao acordar do coma, ela não o reconhece, passa a ter problemas com os pais e se sente atraída pelo ex-noivo. Mas Leo não desistirá desse amor.

Crítica

Lembra de Como se fosse a primeira vez (2004), em que a Drew Barrymore perdia a memória e o Adam Sandler tinha que reconquistá-la a cada dia? Pois como disse um amigo após a sessão para imprensa, esse Para Sempre é a versão dramática e com protagonistas mais bonitos do mesmo filme. A trama é muito similar, porém mais verossímil: após um acidente de trânsito, mulher fica em coma e, ao acordar, percebe-se que todas as lembranças que possuía dos últimos cinco anos foram apagadas. Entre todos os acontecimentos deste passado recente está seu casamento, a mudança de cidade e a escolha de uma nova profissão. Ou seja, é uma nova vida, completamente diferente daquela que tinha anos atrás e da qual se recorda ao recuperar a consciência. E caberá ao atual marido ajudá-la nesse processo de adaptação.

Lançado nos Estados Unidos em fevereiro deste ano, nas vésperas das comemorações do Valentine’s Day, este filme ficou no armário por quatro meses até a espera do Dia dos Namorados brasileiro para finalmente ganhar às telas nacionais. Isso apenas reforça o caráter oportunista de Para Sempre, um longa feito por encomenda para emocionar casais apaixonados. Para completar, temos à frente do elenco dois veteranos dos romances açucarados de Nicholas Sparks: Channing Tatum, visto em Querido John (2010), e Rachel McAdams, que despontou primeiro para a fama em Diário de uma Paixão (2004). Os dois funcionam bem e possuem química entre si, mesmo que o drama enfrentado pelos personagens seja encarado de modo um tanto rasteiro. Ela não reconhece o estúdio em que trabalhava ou a música alta que ouvia? Azar dela! Ele não percebe que para ela o marido não passa de um estranho? Pior para ele! E assim, com fórmulas fáceis e sequências de comercial de margarida, o que foi desfeito aos poucos começa a se formar novamente.

Se há méritos em Para Sempre está na decisão do diretor Michael Sucsy (estreando no cinema, após o elogiado telefilme Grey Gardens, com a já citada Drew Barrymore e com Jessica Lange, que por sinal está no elenco também desse novo trabalho, porém sem grandes oportunidades) em evitar o gênero da comédia romântica e investir descaradamente e sem vergonha do romance dos dois. Isso se deve muito ao fato apresentado logo nos créditos iniciais: baseado em uma história real. Assim, por mais absurdas que algumas situações pareçam, sempre vem em seguida aquele raciocínio: “para aí, isso aconteceu mesmo!” Mas teria sido exatamente como é descrito na tela grande? Pois basta ver a foto das pessoas que vivenciaram esse drama, exposta no final, para se dar conta de imediato que a versão hollywoodiana sempre é mais bonita e atraente do que aquela experimentada na vida real.

Longo e até um pouco cansativo, Para Sempre se apoia quase que exclusivamente no carisma dos protagonistas. Channing Tatum está numa bela temporada, e após o sucesso da versão cinematográfica da série Anjos da Lei ele deve emplacar outro destaque ao lado do diretor Steven Soderbergh no polêmico Magic Mike, sobre a rotina de um grupo de strippers masculinos. Rachel McAdams não fica para trás, e depois do surpreendente Meia-Noite em Paris (2011) sob o comando de Woody Allen, seus próximos trabalhos serão com os consagrados Terrence Malick (To the Wonder, a ser lançado ainda em 2012) e Brian De Palma (Passion, previsto para o ano que vem). Portanto, mesmo com o inacreditável sucesso de bilheteria – quase US$ 200 milhões arrecadados em todo o mundo até o momento – esse romance deve ser digerido exatamente como uma opção para esse época do ano, e nada mais. É bonito e até mesmo comovente, mas tão passageiro e esquecível quanto qualquer outro evento que se repete anualmente. Ou você ainda lembra do que ganhou do(a) – ou presenteou – seu(sua) namorado(a) no ano passado?

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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CríticoNota
Robledo Milani
5
Edu Fernandes
5
MÉDIA
5

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