Para Sempre Alice
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Richard Glatzer, Wash Westmoreland
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Still Alice
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2014
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EUA / Reino Unido / França
Crítica
Leitores
Sinopse
Alice Howland é uma renomada professora de linguística. Porém, aos poucos, ela começa a esquecer certas palavras e se perder pelas ruas de Manhattan. Ao procurar um médico, é diagnosticada com Alzheimer. A doença coloca em prova a força de sua família. Enquanto a relação de Alice com o marido John se fragiliza, ela e a filha Lydia se aproximam.
Crítica
Julianne Moore é, sem dúvidas, uma das melhores atrizes das últimas duas décadas. Versátil, a atriz flerta com o cinema blockbuster americano e, ainda, consegue manter uma carreira excepcional no cinema chamado “alternativo”, trabalhando até mesmo com David Cronenberg no recente e elogiado Mapas para as Estrelas (2014), que lhe rendeu o prêmio de Melhor Intérprete Feminina no Festival de Cannes de 2014. Lançado nos Estados Unidos nesse mesmo ano, Para Sempre Alice é mais uma empreitada de categoria diferenciada na carreira de Moore e que parece capaz de render tantos louros quanto o filme de Cronenberg.
Com a direção da dupla Richard Glatzer e Wash Westmoreland (Meus Quinze Anos, 2006), a atriz é a personagem-título, Alice, uma renomada professora de linguística em uma das mais importantes faculdades americanas. Diagnosticada com Alzheimer em uma fase avançada para a sua idade, teme perder a consciência e o controle de sua vida, que tanto a levaram ao seu sucesso profissional e pessoal.
À primeira vista, a trama não traz muitas novidades em relação à outras produções que já trabalharam a temática da doença. Aliás, se caísse em outras mãos, talvez se tornasse uma produção para algum canal como o Lifetime, que exibe obras para a televisão em estética melodramática digna das novelas brasileiras. Porém, Glatzer, Westmoreland e, principalmente, Julianne Moore, transcrevem o livro de Lisa Genova com delicadeza e nuances próprias para o cinema. O expectador se torna um voyeur dos momentos de Alice, da solidão da descoberta que precisa ser compartilhada com a família, do trabalho que precisa ser abandonado e, o pior de tudo, a contagem regressiva para a deterioração mental e até mesmo física da mulher que um dia foi repleta de vida.
Uma curiosidade que só faz com que a performance de Moore seja considerada um trabalho impecável se dá ao fato das filmagens do longa não terem ocorrido linearmente, seguindo a ordem cronológica do roteiro. A atriz acabou filmando suas cenas durante uma folga de um mês em Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1 (2014) e sua participação teve que ser registrada de ordem aleatória, conforme a disponibilidade de outros atores e locações. É um trabalho e tanto para uma atriz que lida com o retrato de uma doença gradual e com momentos-chave. No elenco ainda estão Alec Baldwin e Kristen Stewart, como, respectivamente, marido e filha da personagem. Stewart, que estava excelente em Acima das Nuvens (2014), se mostra muito bem também aqui, segurando as pontas nos momentos mais dramáticos ao lado da protagonista e fazendo com que o público abstraia os anos de saga Crepúsculo.
Voltando a Moore, a atriz merecidamente ganhou o Oscar de Melhor Atriz por sua Alice. O fato vinha sendo concretizado com indicações a premiações como o Globo de Ouro e o Screen Actors Guild Awards (SAG). A vitória também não deixa de ser um alívio, afinal estava mais do que na hora da intérprete indicada em quatro ocasiões anteriores à estatueta dourada mais cobiçada de Hollywood finalmente conquistar a sua.
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