Para Todos os Garotos: P.S. Ainda Amo Você
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Michael Fimognari
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To All the Boys: P.S. I Still Love You
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2020
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EUA
Crítica
Leitores
Sinopse
Lara Jean está apaixonada, mas vive pela primeira vez uma relação de verdade. Por isso, busca entender melhor essa nova fase de sua vida, na qual precisa conciliar namoro e a busca pela própria identidade. Com o surgimento de um outro destinatário de suas cartas, vai surgir o dilema: é possível amar dois garotos ao mesmo tempo?
Crítica
Após os eventos mostrados em Para Todos os Garotos que Já Amei (2018), que de uma forma ou de outra termina com o clássico “...e viveram felizes para sempre”, o que seria possível esperar dessa continuação? Pois do mesmo modo em que o original fazia uso de elementos clássicos e os colocava a favor de uma trama absolutamente previsível, porém dotada de toques de originalidade que acabavam por fazer a diferença, esse Para Todos os Garotos: P.S. Ainda Amo Você também transita por terreno seguro, apostando suas fichas no carisma dos protagonistas e na empatia pelos personagens, que se veem envolvidos por dramas bastante comuns a qualquer adolescente de classe média, seja nos Estados Unidos ou mesmo no Brasil. E seguindo a cartilha básica de qualquer sequência de Hollywood, aqui também tudo se intensifica, além de surpresas pontuais que surgem com gosto de novidade. Tudo bastante calculado, mas pronto para servir na medida das expectativas levantadas.
Começando exatamente no ponto em que o filme anterior deixou, Lara Jean (Lana Condor) e Peter (Noah Centineo) estão vivendo o namoro dos sonhos. Quer dizer, mais ou menos. Isso porque é a primeira relação séria dela, enquanto que ele já passou por tudo isso, antes, com Gen (Emilija Baranac, de Riverdale, 2017-2019). Claro que uma história nunca é igual a outra, mas como fazer esse alerta para as inseguranças da protagonista? Enquanto o rapaz segue sua rotina diária, acreditando que cada passo tem seu tempo e aparentemente se demonstra disposto a satisfazer as vontades da nova garota ao seu lado, essa se afunda em dúvidas e receios, sem saber se está agindo certo ou não, se está demais ou de menos, se devem estar sempre juntos ou se podem, sem maiores estresses, se separarem uma vez que outra. Como se percebe, são problemas que habitam mais a cabeça da menina do que fatos que estejam ao seu redor.
No meio dessas tentativas de independência, quando começa a tatear em busca de uma maior personalidade para si, e não apenas como um adendo de um ‘casal de namorados’, Lara Jean decide, numa ação de voluntariado da escola, prestar apoio a uma casa de retiro para a terceira idade, ao invés de seguir seu apaixonado em mais algum jogo esportivo. O que ela não esperava, no entanto, era dar de cara com John Ambrose – que, assim como ela, é sempre chamado pelo nome e sobrenome – uma das suas antigas paixões, aqui interpretado por Jordan Fisher (Teen Wolf, 2015-2016). Para quem não lembra, uma rápida recapitulação: em Para Todos os Garotos que Já Amei, cartas que a protagonista havia escrito no passado para meninos que ela gostava são postadas no correio, sem que ela ficasse sabendo. Pois John Ambrose era um desses rapazes, assim como Peter, o atual namorado dela. O clima, portanto, é quase um revival da saga Crepúsculo: por quem você irá torcer, time John ou time Peter?
Porém, uma coisa precisa ficar clara: Lara Jean tinha um crush em John Ambrose... quando os dois eram crianças! Mais de uma década se passou, e agora ela está apaixonada por Peter. Ou será que não? Essa parece ser a maior questão a ser debatida em Para Todos os Garotos: P.S. Ainda Amo Você – até o título é duvidoso, não é mesmo? Afinal, quem ela ainda ama? Será o rapaz de agora – ou seja, está reforçando sua decisão atual – ou o menino de tantos anos antes – e ela mesmo, dessa forma, seguirá se infantilizando? A dúvida não parece ser tão problemática. Tanto é que aquela que muitas vezes foi vista como ‘mocinha indefesa’ agora ganha uma outra dimensão, e o roteiro age de maneira perspicaz nesse sentido, diminuindo as participações das irmãs e mesma das amigas do colégio, preferindo privilegiar os desenlaces amorosos dos protagonistas – e daqueles que podem ser espelhados, como o vivido pelo pai de Lara Jean.
Deixando de lado alguns estratagemas um tanto desgastados – como a mentira que só é revelada na última hora, o “eu fiz, mas agora penso diferente”, e mesmo aquele “nunca vi você desse jeito, mas agora não sei mais o que sinto” – que são tão comuns nesse tipo de filme, o longa dirigido por Michael Fimognari (que foi diretor de fotografia do capítulo anterior e já está confirmado no comando da próxima sequência) consegue avançar na discussão e colocar em evidência méritos inegáveis, como a discussão estar centrada na garota – os dois rapazes são meros adereços – e na necessidade de debaterem e validarem os laços de amizade entre os personagens, mais do que qualquer atração passageira. Afinal, quais dessas relações irão, de fato, perdurar? E o quanto isso realmente importa para aqueles que estão vivendo o calor do momento? Abrindo espaço para mais perguntas e deixando que as respostas sejam construídas junto com sua audiência, Para Todos os Garotos P.S. Ainda Amo Você não apenas acerta no que dele é esperado, como também dá um passo adiante em uma época por si só tão conturbada.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 6 |
Lucas Salgado | 5 |
Cecilia Barroso | 4 |
Bruno Carmelo | 5 |
Francisco Russo | 5 |
MÉDIA | 5 |
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